quinta-feira, 10 de novembro de 2011

“FERRO VELHO” DE ALMAS


Há muitos anos atrás, vivia um velho ferreiro que, após uma juventude cheia de excessos, resolveu reconciliar sua alma com Deus. Durante muitos anos trabalhou com esforço, praticou a caridade, cumpriu os mandamentos mas, apesar de toda essa dedicação, nada parecia dar certo na sua vida. Muito pelo contrário, os seus problemas e dívidas acumulavam-se cada vez mais.
Numa tarde, ele recebeu a visita de um amigo que se compadecia de sua situação e, no meio da conversa, comentou: “Sabe amigo, eu acho estranho que, justamente depois que você resolveu praticar os mandamentos de Deus, sua vida começou a piorar. Eu não desejo enfraquecer a sua fé, mas apesar de todo seu esforço, sua vida está ainda mais difícil”.
O ferreiro não se alterou, mexendo uma brasa na fornalha, respondeu:


- “Companheiro, eu já pensei muito nisso... quando eu recebo o aço aqui na oficina, ele ainda não está trabalhado e preciso transformá-lo em espadas. Você sabe como isto é feito?”
- “ Primeiro aqueço a chapa num calor quase insuportável, até que fique vermelha. Em seguida, sem qualquer piedade, eu pego o martelo mais pesado e aplico golpes até que a peça adquira a forma desejada. Logo a seguir, ela é mergulhada num barril metálico de água fria e a oficina inteira se enche com o barulho do vapor, enquanto a peça estala e “grita” por causa da rápida mudança de temperatura. Tenho que repetir esse processo até conseguir a espada perfeita: uma vez só não é suficiente”.


O ferreiro deu uma pausa e continuou: “Às vezes, o aço que chega até minhas mãos não consegue aguentar esse tratamento. 
O calor, as marteladas e a água fria terminam por enchê-lo de rachaduras. E, com a experiência que eu tenho, sei que ele nunca vai se transformar numa boa espada. Bom, nesse caso, eu simplesmente o jogo no monte de ferro-velho que você viu na entrada de minha ferraria”.
Mais uma pausa e o ferreiro concluiu: “Sei que Deus está permitindo que eu seja colocado no fogo das aflições. Tenho aceito as marteladas que a vida me dá, e às vezes sinto-me tão frio e insensível como a água que faz sofrer o aço. Mas, a única coisa que eu peço é: “Meu Deus, não desistais de mim até que eu consiga tomar a forma que Vós esperais de mim. 
 Podeis tentar da maneira que achares melhor, pelo tempo que quiseres, mas jamais me coloqueis no “ferro-velho” de almas”.
Essa talvez seja uma boa oração e um bom pensamento para fazermos em certas horas da vida.


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