quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Santos Mártires Chineses


Por: DANIEL CEREZO, Missionário Comboniano



José Zhang Dapeng, nascido em 1754 e martirizado em 1815, é um dos 120 mártires chineses proclamados santos por João Paulo II na Basílica de São Pedro no passado dia 1 deste mês.

Zhang é, de certa forma, um protótipo, singelo mas ao mesmo tempo eloquente, dos outros mártires. Na sua breve biografia sobre os 120 mártires chineses, D. José Wang Yu-Jung, bispo em Taiwan e presidente da Comissão Episcopal para a Canonização dos Santos Mártires Chineses, relata alguns episódios da vida de Zhang Dapeng que vale a pena recordar.
«Nascido na província de Guizhou – relata o livro –, desde muito novo se sentiu atraído pelo taoísmo. Aos 20 anos, montou um negócio de seda com um sócio chamado Wang. Foi precisamente através do filho mais velho de Wang que Zhang teve o primeiro contacto com Cristo. Aceitou Jesus Cristo, mas não pôde receber o baptismo, porque tinha uma concubina. Três anos mais tarde, um catequista, Hu Shilu, persuadiu-o a deixar a concubina, sendo então baptizado com o nome de José, apesar da enérgica oposição dos seus irmãos. A partir de então, a sua vida transformou-se numa frenética actividade missionária, anunciando o Evangelho de Jesus e a Boa Nova. Comprou uma casa para dar aulas de religião e catequese. Em 1808, o padre Tang pediu-lhe para ser director de uma escola e simultaneamente catequista. Tudo corria bem. Mas chegaram os tempos das revoltas e sublevações da seita Lódão Branco (Bailianjiau) e inicia-se a perseguição religiosa. A seita Lódão Branco, fundada em 1133, tinha por finalidade a adoração do Buda Amitabha. Foi fundada por Mao Ziyuan, na província de Suzhou. Os seus adeptos eram, em geral, camponeses pobres, na maioria vegetarianos, que se negavam a pagar impostos. Este tipo de sublevações eram, na maior parte dos casos, uma resposta da população camponesa e mais pobre da sociedade à corrupção dos funcionários do Governo, às desigualdades sociais, à escassez de terras de que os camponeses podiam dispor e às medidas autoritárias exercidas sobre a população, sem esquecer a natural aversão para com os estrangeiros. Pouco a pouco, os cristãos foram condenados como suspeitos. José fugiu, mas o seu filho foi preso e morreu na prisão dois anos mais tarde. Apesar de tudo, Zhang não esmoreceu no seu zelo missionário. Mas em 1814 foi traído por um cunhado e posteriormente preso. Na cadeia encontrou-se com outro dos 120 mártires agora canonizados, Pedro Wu Guosheng. Ambos animavam os cristãos a sofrer pela sua fé e a manterem-se fiéis a Deus. Mais ainda: na cadeia, conseguiu instruir na fé alguns companheiros não cristãos. No ano seguinte deram-lhe a possibilidade de ser solto se renunciasse à sua fé, mas ele permaneceu fiel até ao fim. Horas antes do seu martírio, os seus irmãos e familiares suplicaram-lhe de joelhos e com as lágrimas nos olhos que renunciasse à sua fé. Em vão. No dia 2 de Fevereiro de 1815 foi assassinado e enterrado em Xijiaotang. Depois da sua morte, muitos cristãos começaram a venerá-lo. A 2 de Maio de 1909 foi beatificado por Pio X e a 1 deste mês canonizado por João Paulo II.»

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