O amor de todo bom filho é permanente. Mas no Dia das Mães é justo que ele se manifeste de modo efusivo.
Alexandre de Hollanda Cavalcanti
Mãe... uma palavra tão pequena, um significado tão profundo! Símbolo, sobretudo, do mais entranhado e desinteressado amor.
Para efeitos de amor, o coração materno não faz distinção entre o bom e o mau filho. Ele é carne de sua carne, sangue de seu sangue, fruto de suas entranhas, por isto ela o ama com largueza, sem esperar qualquer tipo de retribuição.
Seu amor paira sobre o filho desde o berço até a sepultura, quer ele atinja o píncaro do sucesso, quer seja um medíocre ou um fracassado na vida. Se ele subir o caminho da santidade ou, pelo contrário, deixar-se rolar pelas sendas da degradação moral ou mesmo do crime, ela o amará sempre.
E se alguém lhe perguntar o porquê desse amor, ela certamente responderá surpresa: "Ora! Eu sou a mãe!..."
A ninguém ocorre negar que o pai tem seu papel indispensável no desenvolvimento e na formação da criança, e seria uma monstruosidade desconhecer a importância do amor paterno. Mas as manifestações do amor materno fazem vibrar com muito mais intensidade as fibras do coração humano.
Assim, nenhuma recordação marca tão profundamente uma pessoa como a dos momentos felizes da primeira infância, envolvida pelo afeto, carinho e proteção de sua mãe. E as obras literárias de todos os tempos põem mais em relevo a lembrança saudosa da mãe que a do pai.
Em prosa e verso, cantam os literatos a doçura, o carinho a dadivosidade materna. Apresentam-na como o mais precioso dom concedido por Deus a cada um de nós. Muitas vezes, descrevem o pranto amargo daqueles que não souberam dar à própria mãe o devido valor enquanto a tinham viva junto a si. E as saudades de quantos, após sua morte, desejariam revê-la uma vez mais, receber dela pelo menos um olhar, um sorriso... Tarde demais!
Tarde demais mesmo? Não inteiramente.
A qualquer momento, podemos depositar aos pés da Virgem Santíssima, a Mãe das mães, nossos sentimentos de afeto e de gratidão: eles chegarão com segurança à amada destinatária.
Para todos os que têm ainda a felicidade de contemplar o semblante materno, este mês é a época adequada para reparar pelas eventuais atitudes de ingratidão, de distanciamento, de desamor.
Esses pensamentos ocorreram-me a propósito de um poema de Casimiro de Abreu cuja leitura comoveu-me profundamente, porque trouxe-me de um jato à memória a figura serena e carinhosa de minha tão querida mãe! Minha reação imediata foi a de rezar ardentemente por ela, pedindo a Nossa Senhora para recompensá-la por todo o bem que ela me fez.
Na esperança de que o poema lhe será benéfico, transcrevo-o abaixo, fazendo-lhe uma sugestão, leitor: reze também por sua mãe e, se você tem ainda a alegria de vê-la e de conviver com ela, aproveite a ocasião para lhe manifestar todo o seu carinho e gratidão filial.
Da pátria formosa, distante e saudoso,
Chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo na alma a imagem querida,
Do mais santo, mais puro amor:
Minha mãe!
Chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo na alma a imagem querida,
Do mais santo, mais puro amor:
Minha mãe!
No berço, pendente dos ramos floridos,
Em que eu pequenino feliz dormitava,
Quem é que esse berço com todo o cuidado
Cantando cantigas alegre embalava?
Minha mãe!
Em que eu pequenino feliz dormitava,
Quem é que esse berço com todo o cuidado
Cantando cantigas alegre embalava?
Minha mãe!
De noite, alta noite, quando eu já dormia,
Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus,
Quem é que meus lábios dormentes roçava,
Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
Minha mãe!
Por isso eu agora, na terra do exílio,
Sentando sozinho co’a face na mão,
Suspiro e soluço por quem me chamava:
"O filho querido do meu coração!"
Minha mãe!
Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus,
Quem é que meus lábios dormentes roçava,
Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
Minha mãe!
Por isso eu agora, na terra do exílio,
Sentando sozinho co’a face na mão,
Suspiro e soluço por quem me chamava:
"O filho querido do meu coração!"
Minha mãe!
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