quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Vida de São Francisco Xavier


Conheça a emocionante e original vida de São Francisco Xavier, um dos maiores discípulos de Santo Inácio de Loyola e grande missionário da Índia e do Oriente.


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

sábado, 17 de outubro de 2015

O Milagre de Calanda

               




Jean Martin Charcot, famoso líder do positivismo “religioso” do século XIX, certa vez comentou: “Ao consultar o catálogo de curas chamadas milagrosas, nunca se tem podido comprovar que a fé tenha feito reaparecer um membro amputado”.
            Pois bem, foi isso exatamente o que aconteceu em Calanda: uma perna amputada foi reimplantada miraculosamente depois de mais de dois anos de enterrada. Este acontecimento extraordinário, sobrenatural, foi estudado exaustivamente, com todo o rigor científico, por Messori no seu livro “O grande milagre”.
            Entre as dez e onze da noite do dia 29 de março de 1640, enquanto Miguel Juan Pellicer, camponês de 23 anos, dormia em sua casa foi-lhe “reimplantada” – repentina e definitivamente – a sua perna direita. A perna, feita em pedaços pela roda de um carro e posteriormente gangrenada, foi-lhe amputada no fim de outubro de 1637 (2 anos e 5 meses antes da impressionante “restituição”), no hospital público de Zaragoza.
            Cirurgiões e enfermeiros realizaram sucessivamente a cauterização do toco da perna com um ferro em brasa. O processo e a investigação foram abertos 68 dias depois e se prolongaram por muitos meses, sendo presidido pelo Arcebispo de Zaragoza, assistido por nove juízes, com dezenas de testemunhos e um rigoroso respeito às normas prescritas pelo Direito Canônico.
            A sentença do processo declarou que a perna reimplantada de maneira tão repentina era a mesma que fora cortada e em seguida enterrada. Este fato foi certificado apenas 3 dias depois de que ocorrera e no mesmo lugar do acontecimento, por um notário (de outra cidade e, portanto, sem relação com o caso), por meio do habitual instrumento legal, garantido igualmente pelo juramento de muitas testemunhas oculares.
            A partir do testemunho do protagonista e de outros testemunhos, se chegou à conclusão de que o milagre foi devido à intercessão de Nossa Senhora do Pilar, a quem o jovem sempre fora particularmente devoto, à qual se havia encomendado antes e depois da amputação de sua perna, e em cujo santuário de Zaragoza tinha pedido e obtido autorização para pedir esmola.
            Quando pode enfim sair do hospital com uma perna de madeira e duas muletas, untava diariamente o seu toco de perna com o azeite das lâmpadas acesas na Santa Capela do Pilar. Isto é precisamente o que sonhou que estava fazendo, em Calanda, na noite em que adormeceu com uma única perna e foi despertado por seus pais poucos minutos depois, possuindo outra vez as duas pernas.
            Sobre a verdade do fato nunca se levantou voz alguma de dúvida, nem na ocasião, nem depois, nem no povoado, nem em nenhum outro lugar. Após a conclusão positiva do processo, o próprio Rei da Espanha, Felipe IV, ordenou que chamassem ao seu palácio de Madrid o jovem do milagre, ajoelhando-se em sua presença para beijar-lhe a perna milagrosamente “restituída”.
            A forma como aconteceu o acidente, em julho de 1637, está assentado no livro de registros do Hospital Real de Valência, no dia 3 de agosto do mesmo ano, detalhando como ia vestido, e autenticado com a assinatura do encarregado do registro (Pedro Torrosellas). A constatação do processo avançado de gangrena no Real Hospital de Nuesta Senora de Gracia, em Zaragoza, consignado na consulta médica presidida pelo professor Juan de Estanga, diretor daquele departamento da universidade de Zaragoza; a amputação da perna direita feita pelos cirurgiões Estanga e Millarnelo; a maneira como foi depositada a perna pelo praticante Juan Lorenzo Carcia na capela do hospital e mostrada ao capelão e administrador do mesmo hospital, Pascual do Cacho, etc., etc…
            O médico lhe advertia que, além da possível infecção, o óleo mantinha uma umidade que retardava a completa cicatrização da ferida. Durante toda sua estadia em Zaragoza, Miguel Juan Pellicer passava o dia pedindo esmola na porta da Basílica do Pilar. À noite ia dormir no “Mesón de las Tablas” quando tinha dinheiro para pagar ao proprietário; se não, dormia num banco do hospital. Em marco de 1640, Miguel Juan Pellicer, esgotado pela vida miserável que levava, decidiu voltar a Calanda apesar do seu desejo de ficar junto à Basílica de “La Virgen del Pilar.”
            Todos em Calanda e nas vilas limítrofes por onde Miguel Juan Pellicer, montado num jumento, ia pedindo esmola, conheciam o jovem sem a perna direita.
            Dois anos e quase cinco meses após a amputação da perna direita, precisamente no dia do 16º centenário da visão que teve de Nossa Senhora, ainda viva, o Apóstolo Santiago e do aparecimento do Pilar na quinta feira 29 de marco de 1640, por volta das dez horas da noite, Miguel Juan Pellicer abandonou a conversa e, foi deitar, pois se encontrava especialmente cansado.
            Pouco depois, Dona Maria Blasco, a mãe, foi ver se o filho mutilado estava bem coberto. Deu um grito de estupor, e acudiu o pai. Por baixo das cobertas apareciam dois pés! Após os primeiros instantes de surpresa, levantou as cobertas: aí estava de novo, inteira e sadia, a perna direita, da qual até momentos antes lhe faltava a metade. Miguel Juan só sabia explicar que se havia encomendado, como todas as noites, à Virgem do Pilar, e que sonhara que estava na Basílica untando a ferida uma vez mais com o óleo das lâmpadas.
            Nessa mesma noite acudiram a ver o incrível milagre o soldado Bartolomé Ximeno, e os vizinhos Miguel Barraxina e esposa Úrsula Means.       Os três, minutos antes, estiveram conversando com o coxo e vendo como tirara a perna de madeira e os panos antes de retirar-se a dormir. Naquela mesma noite foi chamado e veio o Pároco, Pe. José Herrera.
            No dia seguinte de manhã a Igreja estava cheia de pessoas que viram e agradeceram a Deus a recuperação da perna direita de quem todos conheciam privado dela até a véspera. Reconhecimentos posteriores mostraram que a perna direita, milagrosamente recuperada, conservou sempre cicatrizes perfeitamente fechadas das feridas que tivera antes de ser amputada, principalmente a da grande ferida provocada pela carreta e que ocasionara a gangrena. Havia também a cicatriz, perfeitamente fechada como todas as outras, onde se havia feito a amputação. Tratava-se da mesma perna que havia sido amputada!
            A mesma perna que havia sido enterrada quase três anos antes! Ficara “a marca”, a conhecida condescendência divina para uma insuperável observação científica.
            Quando a notícia do milagre chegou a Zaragoza, mandou-se verificar no Cemitério do Hospital Real.         Sob a direção do Dr. Juan Lorenzo García comprovou-se que a perna, ou os ossos que deveriam ficar dela, havia desaparecido, sem que ninguém antes tivesse mexido na terra!
            A recuperação de Miguel Juan Pellicer, como em todo milagre, foi instantânea, e também “por etapas”. A perna direita, durante os três primeiros dias após a recuperação instantânea, estava fria. Sua cor era apagada, algo roxa. E os dedos do pé estavam permanentemente curvados, os nervos contraídos, de forma que durante estes três dias Miguel Juan Pellicer, perante todas as autoridades e numeroso povo que o visitava, não podia apoiar a perna firmemente no chão, nem podia prescindir da muleta que usava.
            Passados esses três dias, as mesmas autoridades e o povo puderam constatar que Miguel Juan Pellicer agora caminhava perfeitamente, o pé ficara normal. Mas faltava ainda outra etapa? A largura ou espessura da perna direita, a recuperada, era claramente menor que a grossura da perna esquerda. Miguel Juan Pellicer, a 25 de abril, viajou com seus pais a Zaragoza para agradecer à Virgem do Pilar.
            Durante o trajeto, um cirurgião lancetou o talão nas suas pesquisas, fato que obrigou Miguel Juan Pellicer a mancar um pouco novamente. Mas logo passou. Miguel Juan quis permanecer em Zaragoza por algum tempo. Ia com frequência à Basílica do Pilar, onde confessava e comungava cada sete dias, e comprazia-se em continuar ungindo sua perna direita, mais débil, com o óleo das lâmpadas.
            “Pouco a pouco a perna direita ficou igual à esquerda (…). Quando voltou a Calanda, os vizinhos maravilharam-se de vê-lo caminhar e correr alegremente. Como deram testemunho (…). Notaram também que o jovem podia realizar movimentos de esticamento até levantar o pé à altura da cabeça. Assim completara-se o milagre até a perfeição total”(48).
            A Prefeitura de Zaragoza, a 8 de maio de 1640, reuniu-se em conselho extraordinário e plenário, e nomeou três procuradores para pesquisar o caso, além de solicitar do Sr. Arcebispo que instaurasse um acurado processo canônico, a expensas da Prefeitura. Conservam-se todas as atas de ambos os inquéritos.
            O inquérito da Prefeitura começou só dois meses depois do milagre. O canônico, só após três meses. Bem contemporâneos dos fatos. Inquéritos detalhadíssimos. Muitas comprovações. Depoimentos de multidão de pessoas que conheceram e conviveram com Miguel Juan Pellicer, antes e depois do acidente, antes e depois da amputação.
            Vi um grande tapete que há no Palácio Real de Madri, representa o Rei Felipe IV beijando a perna regenerada de Miguel Juan Pellicer. Lord Hopton, embaixador da Inglaterra na Espanha, certificou independentemente que esteve presente quando El-Rei se ajoelhou, descobriu a perna recuperada e beijou a cicatriz da amputação.
            Foram realizadas recentemente novas pesquisas históricas a respeito, com levantamento abundante e irrefutável de documentos.
            O milagre com “O coxo de Calanda” ocorreu em 1640. Somente em 1959 se realizou com sucesso a primeira operação de recolocar uma perna cortada. Os cirurgiões do Hospital Mont-Eden, de Hayward (Califórnia – USA), conseguiram recolocar uma perna, mas imediatamente ao acidente (não quase três anos depois), sadia (não gangrenada) e que ficara ainda unida ao corpo por consideráveis partes de carne (não uma perna enterrada!). E o maravilhoso êxito da cirurgia humana precisou meses de cuidados médicos antes de o paciente receber alta.
            Miguel Juan e seus pais examinaram a perna amputada descobrindo imediatamente sinais inconfundíveis que permaneciam nela. “O mais notório e principal, a cicatriz originada pela roda do carro que lhe fraturara a tíbia; outra cicatriz, menor, ocasionada pela extirpação, na adolescência, de um abcesso; e, por último, dois profundos sinais de cortes provocados por um arbusto de espinhos, e as marcas da mordida de um cachorro”.
            Quando amanheceu o 30 de março, e se difundiu a notícia por todo o povoado, Pe. Jusepe se aproximou da casa dos Pellicer com muita gente. Entre estas o primeiro magistrado, o juiz que era ao mesmo tempo o responsável da ordem pública, Martín Corellano. Acorreram também o jurado maior, o prefeito Miguel Escobedo, o “jurado segundo”, Martín Galindo, e o notário real Lázaro Macario Gomez. Encontravam-se também os dois cirurgiões locais, que certificaram o fato de maneira profissional. Ambos declarariam ter que render-se à evidência, que havia deixado por terra sua instintiva incredulidade. O notário lavrou uma ata notarial constatando o fato ocorrido.
            Tratava-se de uma expedição inesperada à que devemos um documento extraordinário, para não dizer único, como único é o caso que aparece neste documento legal. Estamos ante uma intervenção divina testemunhada por uma ata notarial, diante de um milagre com a garantia de um documento ajustado à normativa vigente e corroborado por dez testemunhas oculares, escolhidos entre os de maior confiança e melhor informados dos muitíssimos disponíveis. E como se não bastasse, a ata notarial  milagre foi escrita e autenticada, passadas algo mais de 70 horas depois do sucedido e no próprio lugar onde ocorrera.
            Observou o historiador Leandro Aína Naval: “trata-se de um Ato Público (ata notarial, diríamos hoje) documento de máxima autoridade em todo tempo, que se aproxima ao ideal exigido por alguns racionalistas para a comprovação dos milagres na sua vertente histórica”.
            Mais tarde em outubro de 1641, Felipe IV, rei de Espanha, no meio da corte espanhola, rodeado de todo o corpo diplomático interrogou publicamente a Miguel e aos relatores do processo. Verificou ele próprio a reimplantação miraculosa da perna, e, diante do assombro de todos, ajoelhou-se e beijou a perna, fazendo com isso um verdadeiro ato de Fé.
            A homenagem de Felipe IV naquela manhã de outubro foi como o selo definitivo que a autoridade civil pode dar a um acontecimento. O rei da Inglaterra, Carlos I, (cabeça da seita anglicana, inimiga da Espanha), informado pelo seu embaixador, ficou convencido do milagre, até o ponto de defendê-lo perante os “teólogos” da sua corte, que ficaram escandalizados.
            Não consegui descobrir nenhum argumento para dar um mínimo de credibilidade à suspeita ou à dúvida do milagre. Quem rejeitasse a verdade do acontecido em Calanda teria que pôr também em dúvida toda a História, incluindo os fatos certos que estão mais comprovados. Quantos fatos existem que possam fundamentar-se numa ata notarial outorgada de imediato? Quantos com um processo levado com todo rigor com dezenas de testemunhos sob juramento e, além disso, com a total exclusão de qualquer tipo de interesse pessoal dos envolvidos na causa? [Este comentário parece ser de Messori, pelo que deveria vir entre aspas. Como, entretanto, estas faltam no original, o texto foi copiado aqui tal como se encontra no mesmo. A frase seguinte reforça essa impressão].
            Messori assim termina o seu estudo: “Se Calanda nos apresenta como o cume do poder da intercessão e da misericórdia mariana, não é sem dúvida o único. Em outras muitas pequenas e grandes “Calandas” de todos os tempos e países, um povo fiel e confiante experimentou, e experimenta, que não iam dirigidas apenas a João as palavras de Jesus agonizante na Cruz: “Mulher, eis ai teu filho… eis ai tua Mãe” (Jo 19, 26-27). Este povo sabe que Maria é a Mãe benigna e amável para todos que filialmente solicitam a sua intercessão.”

Fonte: Texto disponível em diversos sites na internet, baseado num estudo de Vittorio Messori, escritor italiano, jornalista e historiador, publicado em 1998, sobre o Milagre, oficialmente reconhecido pela Igreja, ocorrido no ano de 1640 em Calanda, um vilarejo de Zaragoza, na Espanha. 

domingo, 9 de agosto de 2015

O relógio de São Pio X

Fonte: Padre Antônio Steffen, S. J. (no site Encontro de jovens com Cristo).





            O Papa São Pio X recebeu em audiência um embaixador americano. Enquanto conversavam, o Papa consultou o seu relógio de bolso para ver as horas. O americano arregalou os olhos:
- Mas que relógio miserável, Santidade! Um relógio destes não condiz de forma alguma com a dignidade de um Papa.
Realmente, o relógio era de níquel, pesadão e inteiramente fora de moda.







Na América comprar-se-ia um relógio destes por um dólar - continuou sobranceiro o visitante. Olhe, isto é que é relógio! E tirou do bolso do colete um relógio de ouro, adornado com diamantes: custou mil dólares, Santidade. Apertou um botãozinho revestido duma pérola preciosa e um sinalzinho deu a hora com som de prata refinada.
- De fato, é um relógio precioso - anuiu o Papa.
- Sabe? Eu gostaria imensamente de ter uma lembrança de Vossa Santidade - continuou o milionário. Dê-me o seu relógio de níquel e eu dou-lhe em troca o meu de ouro. Acho que Vossa Santidade não deixará de aceitar esta troca, não é verdade?
- Não, meu caro senhor - respondeu o Papa sorrindo. Seria uma péssima troca para mim, pois o meu relógio é muito mais precioso do que o seu!
 Extremamente admirado, o visitante perguntou como era possível. Mais valioso que o seu de ouro?
 - Vou dizer porque, respondeu-lhe o Papa, com um sorriso fino nos lábios. Meus pais eram pessoas bem pobres. Meu pai era carteiro rural. Com esta profissão duríssima, que exigia dele longas caminhadas, mal ganhava o necessário para nos sustentar. Mas nós estávamos contentes com o pouco que tínhamos e vivíamos felizes.
 E ficou um momento em silêncio. Parecia estar ausente, na sua longínqua casa paterna. Depois, como que refazendo-se de uma emoção interna, continuou:
- Nós, os meninos, tínhamos que ajudar a economizar o mais que podíamos. Fazíamos a pé a longa caminhada de casa para a escola, descalços levando aos ombros os nossos sapatos, para poupá-los, calçando-os apenas quando chegávamos na escola. Depois de voltarmos para casa, procurávamos pastagem para a nossa cabra, que era o nosso único tesouro e que era mimada por todos, porque nos dava o leite que tomávamos com o pão.
- Ao completar treze anos - continuou sério o Papa - pude ir pela primeira vez à mesa do Senhor. Como a nossa mãe teve de se esfalfar para que pudéssemos celebrar uma pequenina festa! Quando saí da igreja, disse-me:
 - “Filho, tu sabes como somos pobres, desde que morreu o pai. Contudo, quero dar-te uma pequena lembrança deste grande dia, em que Jesus entrou pela primeira vez no teu coração”.
- E dizendo isto, tirou de um lencinho de seda este pobre relógio de níquel. Este presente alegrou-me tanto, como se me tivessem dado muitos tesouros do mundo. Lancei-me ao colo de minha mãe, beijando-a de alegria e gratidão. Que sacrifício terá custado para ela desfazer-se deste relógio!
- Por isso este relógio é para mim um objeto sagrado, do qual me separarei só na hora da morte. E ele parece recompensar-me a estima que sempre lhe votei. Até hoje não foi preciso levá-lo a um relojoeiro e durante todos estes anos cumpriu a sua tarefa com perfeição. Compreende agora porque não lhe posso ceder e porque é mais precioso para mim do que o relógio mais caro que possa existir em todo o mundo?
- Sim, agora compreendo - concordou o embaixador e, meio envergonhado, embolsou novamente o seu relógio de ouro e concluiu:
- Como deve ter sido feliz a mãe de Vossa Santidade, por ter um filho assim!

- Diga antes - respondeu São Pio X - como é feliz o filho que teve uma mãe tão santa!

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Como surgiu a oração Salve Rainha

                                                                         


     Fonte: site Bíblia Católica, em 26 agosto 2014.

A Salve Rainha é uma das orações mais populares entre os católicos. Ela é atribuída ao monge Hermannus Contractus que a teria escrito por volta de 1050, no mosteiro de Reichenan, na Alemanha. Eram tempos terríveis aqueles na Europa central, com muitas calamidades naturais, destruindo as colheitas, epidemias, miséria, fome e a ameaça contínua dos povos bárbaros normandos, magiares e muçulmanos que invadiam os povoados, saqueando e matando.
Certamente o monge Hermannus experimentava as piores  misérias da vida humana neste ‘‘vale de lágrimas”, como disse. Nesta prece ‘‘bradamos” como ‘‘degredados”, ‘‘suspiramos gemendo e chorando”, vemos o mundo como ‘‘um vale de lágrimas”, como um ‘‘desterro”. Entretanto, essa visão da vida acaba num sentimento de esperança que a ultrapassa e domina com a confiança em Nossa Senhora.
Ao considerar a condição humana, o monge Hermannus via  muitos motivos de tristeza, mas, ao fixar sua atenção na Virgem Maria, Rainha do Céu de da terra, a Quem se dirige, mostra-se animado por um horizonte de expectativas reconfortantes e consoladoras, pois Ela, a Virgem Maria, é ‘‘Mãe de Misericórdia”, ‘‘Vida, doçura, esperança nossa”, ‘‘Advogada nossa”,  de ‘‘olhos misericordiosos”.
Frei Contractus tinha  consciência da triste época em que vivia, mas tinha outras razões, além disso tudo. Conta a sua história que ele nasceu raquítico e disforme; adulto, mal conseguia andar e escrevia com dificuldade, de mirrados que eram os dedos das suas mãos. Nasceu em 18 de fevereiro de 1013 em Altshausen, na Swabia, hoje Alemanha.
Nasceu com uma fenda no palato, e um problema de espinha bífida (dividida em lóbulos iguais). Seus pais não tinham condição de cuidarem da criança e em 1020 (com sete anos) o entregaram para a Abadia de Reichenau, onde ele ficou o resto de sua vida. Contam que, no dia do seu nascimento, ao constatarem o raquitismo e má formação do bebê, seus pais caíram em prantos. Sua mãe Miltreed, mulher muito piedosa, ergueu-se então do leito e, lá mesmo, consagrou o menino à Mãe de Deus. Consagrado a Ela, foi educado no amor e na confiança em relação a Ela. E, anos mais tarde, foi levado de maca, por ser deficiente físico, até o mosteiro de Reichenan, onde com o tempo chegou a ser mestre dos noviços, pois o que tinha de inapto seu corpo, tinha de perspicaz seu espírito.
Muito inteligente se tornou monge beneditino com a idade de 20 anos. Era um gênio. Estudou e escreveu vários livros sobre astronomia, teologia, matemática, história e poesias em latim, grego e árabe. Professor aos 20 anos ficou conhecido pelos seus colegas na Europa.  Construiu alguns instrumentos musicais e equipamentos de astronomia. Ficou cego e com isso parou de escrever. É o mais notável poeta de seu tempo e ainda ficou  famoso ao escrever a oração ‘‘Salve Rainha” e ainda o ‘‘Alma Redemporis Mater”. Faleceu em 21 de setembro de 1054 em Reichenau de causas naturais. Foi beatificado e teve seu culto confirmado em 1863. Sua festa é celebrada no dia 25 de setembro.
Foi no fundo de todas essas misérias que a alma de Frei Contractus elevou à Rainha dos Céus esta prece, mescla de sofrimento e esperança, que é a Salve Rainha.
Quando veio a ser conhecida pelos fiéis, a Salve Rainha teve um sucesso enorme, e logo era rezada e cantada por toda parte. Um século mais tarde, ela foi cantada também na Catedral de Espira, por ocasião de um encontro de personalidades importantes, entre elas, a do Imperador Conrado e a do famoso São Bernardo, conhecido como o ‘‘cantor da Virgem Maria”, pelos incendidos louvores que lhe dedicava nos seus sermões e escritos, ele que foi um dos primeiros a chamá-la de ‘‘Nossa Senhora”.
Dizem que foi nesse dia e lugar que, ao concluir o canto da Salve Rainha, cujas últimas palavras eram ‘‘mostrai-nos Jesus, o bendito fruto do Vosso ventre”, no silêncio que se seguiu, ouviu-se a voz potente de São Bernardo que, num arrebato de entusiasmo pela Mãe do Senhor, bradou, sozinho, no meio da catedral: ‘‘Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria”. E a partir dessa data estas palavras foram incorporadas à Salve Rainha original.

Nos quase mil anos que se passaram desde que Hermannus Contractus compôs a Salve Rainha uma multidão incontável de fiéis tem se identificado como os sentimentos que ela expressa, mudando sua aflição na doce esperança que inspira sempre a amável Mãe do Nosso Salvador.