sábado, 31 de dezembro de 2011

Consagração da família a Nossa Senhora

Ó Virgem Imaculada,
nós Vos consagramos hoje
o nosso lar e todos os que nele habitam.
Que a nossa casa seja como a de Nazaré,
uma morada de paz e de felicidade,
na prática da caridade ,
no pleno abandono à Divina Providência.
Sede o nosso modelo,
ó Maria, regrai nossos pensamentos,
nossos atos e toda a nossa vida.
É bem singelo o tributo do nosso amor,
mas Vós aceitareis, pelo menos,
a homenagem de nossa boa vontade.
3 Ave Marias...

Jaculatória: Ó Maria, concebida sem pecado,
rogai por nós que recorremos a Vós.



Fonte: Nsgraças Devoto

Oração a Santa Edwiges




Ó Santa Edwiges, vós que na terra fostes o amparo dos pobres, a ajuda dos desvalidos e o socorro dos endividados, e no Céu agora desfrutais do eterno prêmio da caridade que em vida praticastes, suplicante te peço que sejais a minha advogada, para que eu obtenha de Deus o auxílio de que urgentemente preciso: (diga aqui o pedido que você deseja fazer). Alcançai-me também a suprema graça da salvação eterna. Santa Edwiges, rogai por nós.
Amém.

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus



Ao entrarmos no Novo Ano Civil, vamos celebrar no mesmo dia 1 de Janeiro três importantes acontecimentos :
* Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.
* Dia de Ano Novo.
* Dia Mundial da Paz.
Pondo em 1º lugar a Solenidade Religiosa, nós pretendemos, com a Igreja, chamar a atenção dos fiéis para a grande realidade da Maternidade divina de Maria.
Toda a Liturgia da Palavra que é a mesma para os três Ciclos, A, B e C, deste dia, nos faz refletir nesta grande verdade :
- Maria dá ao Mundo Cristo nossa paz !
A Igreja quer com esta Solenidade, não apenas colocar o novo ano, com as suas interrogações, cuidados e problemas, sob a proteção maternal de Maria, mas também lembrar-nos a importância da missão que Ela desempenha na História da Salvação, como Mãe do Salvador.
É precisamente na Maternidade Divina que se encontra o fundamento da relação especial de Maria com Cristo e da sua presença na economia da salvação.
Cristo vem ao mundo com uma função salvadora.
A Sua natureza humana está intrinsecamente destinada a regenerar a humanidade.
Escolhendo Maria para Sua Mãe, Cristo, o Verbo encarnado, associa-A intimamente à obra da reconciliação da humanidade.
Pelo seu SIM (o fiat), Maria entra definitivamente no Mistério da Salvação.
Gerando no tempo a humanidade do Filho, que o Pai havia gerado, desde a eternidade, Maria intervém na regeneração dos homens.
Na 1ª Leitura, o Livro dos Números mostra-nos que a “Bênção Sacerdotal” era ritmada pelo Nome do Senhor, repetido no início de cada versículo, terminando assim:
- “Hão-de assim obter a proteção do Meu Nome para os Filhos de Israel, e Eu hei-de abençoá-los”.(1ª Leitura).
Esta bênção sacerdotal era um augúrio de paz para os filhos de Israel.
Esta “paz” invadiu o mundo com o Nascimento de Jesus, que foi anunciado para glória de Deus e de paz para os homens.
Cada um de nós deve ser um construtor de paz.
Esta bênção da paz é proclamada pelo Salmo Responsorial :
- “Deus tenha compaixão de nós ; Ele nos dê a bênção !”.
Na 2ª Leitura, S. Paulo, dirigindo-se aos Gálatas e hoje também a nós, diz que o Mistério da Encarnação realiza-se na plenitude dos tempos, no termo duma longa expectativa da humanidade, numa maravilhosa manifestação da benevolência divina.
Em Cristo, com efeito, Deus cumula os homens de todas as bênçãos, concedendo-lhes a filiação divina e libertando-os da escravidão da lei mosaica.
- “Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei, e assim nos tornarmos filhos adoptivos”. (2ªLeitura).
Para produzir, porém, este duplo efeito, a Encarnação realiza-se pela via normal dos homens e da Lei.
Cristo aceita um nascimento humano e a submissão à Lei.
A Lei situa-O na História da Salvação, na História do Seu Povo; Maria situa-O entre os homens, Seus irmãos, que vem libertar e salvar, tornando-os, à Sua semelhança, filhos do Pai.
Maria assume assim um papel insubstituível nesta revelação da Paternidade divina.
É a Mãe de Deus, que concebe Seu Filho por obra e graça do Espírito Santo.
É a Mãe da Igreja, Corpo de Cristo na terra.
Pelo Evangelho S. Lucas, diz-nos que, de todos aqueles que virão a ser adotados em Cristo como filhos de Deus, os pastores são os primeiros a receberem a Boa Notícia.
É, porém, junto de Maria, Sua Mãe, a primeira crente, a totalmente disponível a Deus, que encontram o Salvador e, n’Ele, se encontram com Deus, a quem davam glória e louvores.
A intervenção discreta de Maria ajudou-os, na verdade, a descobrir o verdadeiro rosto de Seu Filho.
- “Maria fixava todas estas palavras e pensava nelas no íntimo do coração”. (Evangelho).
«A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde toda a eternidade, simultaneamente com a Encarnação do Verbo, por disposição da divina providência, foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor...
Cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida espiritual.
É por esta razão nossa Mãe na ordem da graça.»(LG 61).
Maria é totalmente Mãe porque esteve em total relação com Cristo; por isso, honrando-a, o Filho é mais glorificado.
Quanto ao título de Mãe de Deus, exprime a missão de Maria na história da salvação, que está na base do culto e da devoção do povo cristão, uma vez que Maria não recebeu o dom de Deus só para si, mas para o levar ao mundo.
É em nome de Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, que hoje se celebra em todo o mundo o “Dia da Paz”; aquela paz que Maria, uma de nós, encontrou no abraço infinito do amor divino; aquela paz que Jesus veio trazer aos homens que crêem no seu amor.
A paz deve guiar o destino dos povos e de toda a humanidade!
Se queremos a paz, só a encontraremos em Cristo, o Príncipe da Paz!
Neste dia em que invocamos a proteção de Maria como Mãe de Deus, devemos levantar bem alto o grito da nossa oração e anunciar a todos os povos os nossos desejos de paz.
Por intermédio de Maria, podemos atingir o plano da História da Salvação.
Sobre a Maternidade divina de Maria, diz o Catecismo da Igreja Católica :

466. - ...O Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que Maria se tornou, com toda a verdade, Mãe de Deus, por ter concebido humanamente o Filho de Deus em seu seio : «Mãe de Deus, não porque o Verbo de Deus dela tenha recebido a natureza divina, mas porque dela recebeu o corpo sagrado, dotado duma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne»(DS 2519).

Nasceu-vos hoje um Salvador... Achareis um Menino envolto em panos.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ladainha Sagrada Família


Jesus, Salvador do mundo,
Jesus, Filho de Maria e irmão nosso,
Jesus, tesouro e delicia da Sagrada Família,
Tende piedade de nós.
Santa Maria, Rainha dos céus,
Santa Maria, Mãe de Jesus e nossa doce Mãe,
Santa Maria, ornamento e alegria da Sagrada Família,
São José, pai legal de Jesus,
São José, Casto esposo de Maria,
São José, guia e amparo da Sagrada Família, rogai por nós.
Sagrada Família, de baixo da proteção nos temos consagrado a Deus,
Sagrada Família, que temos tomado por modelo,
Sagrada Família, predileta do pai celestial,
Sagrada Família, conduzida pelo Espírito Santo,
Sagrada Família, santificada pela presença do Filho de Deus,
Sagrada Família, terror do inferno,
Sagrada Família, asilo de todas as virtudes,
Sagrada Família, Santuário da Divina Trindade,
Sagrada Família, precioso Tabernáculo de Deus vivo,
Sagrada Família, escondida e ignorada sobre a terra,
Sagrada Família, pobre e laboriosa,
Sagrada Família, modelo de paciência e resignação,
Sagrada Família, alegria nas tribulações,
Sagrada Família, venerada pelos pastores,
Sagrada Família, honrada pelos Magos,
Sagrada Família, por Herodes perseguida,
Sagrada Família, desejada pelos Patriarcas,
Sagrada Família, pelos anjos respeitada,
Sagrada Família, modelo de todos os Santos,
Sagrada Família, ornamento da celestial Jerusalém, esteja sempre conosco.
Sede-nos propicia,
socorrei-nos em todos os perigos da alma e corpo,
Sede nosso refúgio contra os males que nos cercam,
Sede nossa força nos combates e provas,
Sede nos forte muro contra os ataques do inimigo de nossa saúde,
Sede nossa esperança nesta vida e nosso consolo na hora da morte,
Sede eficaz protetora daqueles que Vos invocam com verdadeira confiança,
Sede medianeira dos que morrem no Senhor e advogada dos pecadores perante o Soberano Jesus,
Sede liberadora das almas detidas no purgatório e saúde dos que esperam em Vos,
Sede sempre sustento dos débeis e ajuda dos imperfeitos,
Sede sempre protetora de nossa Família e de toda a sociedade,
Sede sempre espelho dos cristãos, modelo dos justos,
Sede sempre consoladora dos aflitos e refúgio de vossos devotos,
Sede sempre apoio e defesa dos que se tem consagrado a vosso serviço,
Vos rogamos, ouvi-nos.
V. Sagrada Família, sede glorificada em todos os séculos.
R. Reinai para sempre em todos os corações.
Oração:
Divino Salvador, bendigo todas nossas obras, recompensai de uma maneira digna de Vós a todos os que trabalham por vossa Glória, concedei a paz e a vida eterna a nossos irmãos mortos.
concedei também a vossos operários as graças que lhes são necessárias para a conversão dos pecadores, santificação dos justos e aumento de vossa cristã Família, a fim de que sejais conhecido e glorificado por todas as criaturas com Maria e José, e reinais em todos os Corações agora e sempre,
Oh! Vós que viveis e reinais com Deus Pai, em unidade do Espírito Santo, por todos os séculos. Amém

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O medo de São João Crisóstomo

 Enviado por Auro Saburo Mizuka
 
Arcádio, imperador de Constantinopla, odiava de morte a São João Crisóstomo, Patriarca daquela cidade                                       


                    Um dia reuniu os seus conselheiros para lhes perguntar o que poderiam fazer para causar ao Bispo o maior desgosto.

              Foram várias as propostas. Um disse: Mandai-o para o exílio. Outro: Confiscai-lhe todos os bens. O terceiro: Lançai-o carregado de correntes num cárcere. O quarto: Mandai-o matar, e tudo se acabará.

              O quinto, que conhecia o santo melhor do que os outros, disse porém: “Enganais-vos, senhores. Os meios sugeridos não são adequados. 1) Se mandais João para o exílio, ele não se importaria com isso, porque todo o mundo é pátria sua; 2) se lhe confiscais os bens, na verdade tereis tirado dos pobres a quem ele dá tudo como esmola; 3) se o encarcerais, beijará os seus ferros e agradecer-vos-á; 4) se o matais, vós tereis aberto o céu para ele.

              Príncipe, desejais de facto vingar-vos de João? Forçai-o a cometer um pecado; pois o pecado é a única coisa que ele teme.”

             Feliz é a pessoa que mereça tal elogio, e que por isso, não teme outra coisa mais do que o pecado. Infeliz, pelo contrário, é aquele de quem se pode dizer: “Não teme o pecado. E o comete”.

 (Fonte: Novo Manual do Catequista – Publicado por ordem do Papa São Pio X – pág. 2)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

São José de Cupertino



A vida em nossos dias é muitas vezes difícil, sobretudo para aqueles que, por seus poucos meios de sustentação, ou por suas dificuldades pessoais, não conseguem alcançar um alto nível de estudos que lhes permita vencer a concorrência de uma sociedade globalizada e consumista, onde o homem é medido por sua capacidade financeira. Esta situação leva muitas vezes o homem hodierno a esquecer-se do mais importante que é a vida de oração, o amor de Deus e caridade para com o próximo. O egoísmo é, na maioria dos casos, a vela enfunada que impulsiona os anelos da vida.
Muitas vezes nos vamos, entretanto, diante da constatação do vazio do egoísmo, das coisas materiais, e buscamos um sentido mais sólido e verdadeiro para nossas vidas. Este sentido só vamos encontrar quando o buscarmos onde ele de fato se encontra: em Deus, nosso Criador.



Não são as coisas materiais ou os próprios dons de inteligência e talento que nos podem trazer a verdadeira felicidade, senão o amor e a dedicação ao serviço de Deus. Um grande exemplo desta verdade encontramos na vida dos santos: muitas vezes desprezados pelos homens, porém agraciados por Deus com dons de amor e dedicação.
Os estudiosos destacam como um dos santos «mais simpáticos» da hagiografia católica, um homem desprovido de talentos materiais, com uma inteligência abaixo dos níveis hoje aceitáveis nos testes de Q.I., porém com um amor e uma devoção que rasgam os tempos e sobrepassam a muitos outros nas páginas da História: São José de Cupertino, o patrono dos estudantes, dos aviadores e dos paraquedistas.

Na pequena Cupertino, cidade pertencente naquele tempo à Diocese de nardo, no antigo reino de Nápoles, Itália, havia um humilde carpinteiro que procurava, com seu trabalho, sustentar sua família e ajudar aos amigos em dificuldades. Porém, estes amigos não foram fiéis à sua generosidade e não honrando seus compromissos, deixaram ao pobre Félix Maria Desa, cheio de dívidas e procurado pela justiça, pois não tinha como pagá-las.
Sua esposa, a bondosa senhora Francisca Panara Desa, aguardava seu sexto filho, quando as preocupações e a doença contribuíram com o chamado do carpinteiro à eternidade, o que lhe impediu de contemplar o nascimento do último de seus filhos. Os credores não tiveram piedade da infeliz viúva e a expulsaram da casa, uma vez que não tinha como pagar o aluguel. Com seus filhos, a senhora Francisca não tinha onde ficar, encontrando tão somente um estábulo, onde deu à luz seu último filho, que, à semelhança do Redentor da humanidade, foi reclinado sobre as palhas onde comiam os burros e as vacas. Na pequena e pitoresca Matriz de Cupertino, o menino foi batizado com o nome de José, em honra ao esposo de Maria. Ao escutar os nomes de Jesus e de Maria, o menino se alegrava nos braços de sua dedicada mãe. Na mesma Igreja José foi mais tarde crismado, aprendendo de sua mãe todas as verdades da religião católica e aí recebendo também sua Primeira Comunhão.
Em sua casa fez um pequeno altar, onde rezava o Santo Rosário, contemplando os mistérios da vida do Salvador. Porém, sua vida santa nãos seria um caminho de rosas sem espinhos... Já aos sete anos um tumor maligno o deixou praticamente desenganado. A devoção à Virgem Santíssima, a quem pedia ardorosamente o auxílio, alcançou a cura do pequeno José, porém, com isto e também pelos problemas financeiros, retardou seus estudos, agravando as dificuldades naturais de sua desprovida capacidade natural. Mesmo assim, conseguiu entrar no colégio, onde muitas vezes, durante as aulas, entrava em contemplação dos mistérios divinos, chegando a entrar em êxtase. Seus companheiros, vendo-o parado, com o olhar fino no infinito, e não compreendendo a razão de seu êxtase, o apelidaram de «boccaperta» (boca aberta).
Em sua adolescência tentou aprender o ofício de sapateiro, porém não tinha a concentração suficiente para a profissão e foi despedido. Continuava sua vida de oração e penitências, jejuando, algumas vezes, até por três dias seguidos na mesma semana. Com 17 anos, o chamado à vocação religiosa se fez mais presente em sua vida, procurando, então, o convento dos franciscanos de Grotella, próximo a Cupertino, onde havia uma belíssima imagem da Virgem maria, a quem José chamava carinhosamente «Mamma Mia», porém como aí viviam seus tios que eram monges muito cultos, decidiu buscar o convento dos capuchinhos de Cupertino, onde foi recebido como irmão leigo para trabalhar na manutenção do mosteiro. Porém, com seus contínuos êxtases e sua pouca capacidade intelectual, foi mandado de volta para casa, sendo rechaçado pelo conselho conventual. Tentou abrigar-se na casa de um tio, porém este o despediu pouco depois por considerá-lo inútil. Sua mãe procurou o apoio de seus tios de Grotella e José foi finalmente aceitado para cuidar da mula do convento, trabalhando no estábulo. Mesmo desastrado e sem concentração para o trabalho, passava muitas horas em oração e era sempre bondoso e humilde para com todos seus irmãos e superiores. O conselho dos frades, vendo a bondade e a fé que habitavam seu humilde coração o aceitaram na ordem terceira dos frades menores conventuais, por votação unânime.
O desejo de poder tornar-se um instrumento da misericórdia divina para celebrar o mistério da Eucaristia e reconciliar os pecadores com Deus através do sacramento da Penitência, lhe fizeram desejar, com muito ardor, o dom do sacerdócio. Porém era necessário estudar filosofia e teologia... o que para Frei José era uma dificuldade praticamente intransponível. Os anos da filosofia foram duros, porém a Providência não o desamparava. Estudava dia e noite com grandes dificuldades e ao final parecia que não havia aprendido nada. Na hora de prestar os exames não encontrava apoio nas faculdades da inteligência e não se lembrava de nada do que havia estudado. 
A única saída era rezar. E o fazia com grande devoção, pedindo o auxílio de Maria e dos santos, conseguindo, pouco a pouco, tirar as notas necessárias para a aprovação. Em um dos exames finais, dos mais importantes, o Frei José por mais que estudasse não guardava nada na memória. A única coisa que conseguia se lembrar era da frase dita por Santa Isabel a Nossa Senhora: «Bendito é o fruto de teu ventre». Sobre isso, tivera uma tal admiração que se lembrava perfeitamente de todos os comentários exegéticos e teológicos sobre o tema.
Entra o examinador, com um olhar sério e cara de «poucos amigos». Olha fixamente para José, que tremia interiormente, e disse sem clemência:
Vou abrir o Evangelho, um dos quatro, em uma página qualquer e você vai explicar-me a exegese do texto que meus olhos vejam primeiro.
A oração de José não parava de subir aos céus pedindo o auxílio necessário. Daí poderia depender toda sua vocação ao sacerdócio...
O examinador abre o Evangelho, olha detidamente em silêncio, apontando com o dedo para não perder a frase exata que primeiro encontrou e pergunta a José:
Qual é a exegese exata do texto evangélico: «Bendito é o fruto de teu ventre?»
A resposta brotou fácil, pois era o único texto que José sabia explicar.
Todos os anos da teologia foram também cheios de apuros e dificuldades, até que chegou o exame final, que em nossos dias seria o exame de Bacharelado, ou seja, um exame de toda a teologia, onde se pergunta qualquer tema dos quatro anos estudados. Não bastava saber uma frase do Evangelho... O pobre José já via seu desejo de ser sacerdote voar sem haver como segurá-lo. Rezava com devoção, sem cessar, enquanto os primeiros candidatos eram examinados pelo Bispo. José era o décimo primeiro da fila.
Um, dois, três, quatro, cinco... todos foram tão bem nas respostas, que quando saio o décimo, o Bispo chamou o formador e declarou-lhe que via os seminaristas tão bem formados que não havia necessidade de examinar os outros. Estavam todos aprovados!

São José de Cupertino foi ordenado sacerdote em março de 1628, encontrando sempre muita dificuldade em pregar e ensinar, porém com seu exemplo e com a sabedoria do Espírito Santo, tinha sempre respostas sábias e claras, resolvendo as mais intrincadas questões postas às vezes por teólogos dos mais famosos de seu tempo, inclusive tornando-se conselheiro de padres, bispos, cardeais e chefes de estado, apesar de ser considerado o «frei mais ignorante de toda a Ordem Franciscana». Sua virtude e amor a Deus e ao próximo eram exemplares. Muitas vezes era visto em êxtase durante a oração, elevando-se em levitação caminhando pela igreja sem colocar os pés no chão. Seu corpo exalava um odor fino e delicado, curando muitos enfermos e ajudando a muitas pessoas em suas dificuldades espirituais. 


Durante seus êxtases, ninguém o conseguia despertar, senão a voz da obediência. Os vôos em seus êxtases o fizeram patrono dos aviadores e paraquedistas.


Porém, sua fama despertou também a inveja e a incompreensão de muitos, ao ponto de chegar ao Santo Ofício a denúncia contra Frei José, dizendo: «Há nas apúlias um frei de 33 anos que se faz passar pelo Messias e arrastar multidões». Foi chamado a Nápoles, diante do tribunal da Inquisição, onde escutou todas as acusações sem procurar defender-se. Ao final das acusações, não disse nada em contrário, senão, se pôs a falar de Deus e de suas maravilhas. Enquanto falava, entrou em êxtase diante dos juízes que não sabiam o que decidir e remeteram o caso ao Vaticano. 




Frei José foi recebido pelo Papa Urbano VIII e foi tal sua alegria em poder beijar os pés e as mãos do Vigário de Cristo, que começou a elevar-se em êxtase diante do Papa.
Foi então transferido para Assis, onde ficou por 14 anos, passando depois para o convento de Ósimo, no qual permaneceu por 6 anos, entregando sua alma a Deus no dia 18 de setembro de 1663, aos 60 anos de idade. O Papa Bento XIV, historicamente conhecido por seu rigo em aceitar a autenticidade dos fatos milagrosos, depois de sério e acurado exame de toda a vida daquele que se auto-denominava «o Frei Brurro», declarou que «todos os fatos não se podem explicar sem uma intervenção muito especial de Deus». Assim, o beatificou em 1753. Em 1767 o Papa Clemente XIII canonizou São José de Cupertino, cujo corpo repousa hoje no Santuário de Ósimo, na Itália, como exemplo de virtudes e amor de um homem que, desprovido dos auxílios materiais, confiou sua vida a Deus e nunca foi desamparado.
Rezemos a São José de Cupertino em nossas dificuldades, porém também para alcançar dele um benefício de máxima importância em nossa vida: que nossa confiança não esteja posta nas coisas materiais e caducas, senão em Deus, eterno, todo-poderoso e compassivo, que nos ama a ponto de fazer-se homem e morrer na Cruz para nossa salvação.
Fontes:
www. Cancaonova.com
TONIOLO, Carlos Eduardo, Revista Arautos do Evangelho, n. 57, Dezembro de 2006, pp. 32-34
franciscodeassis.no.sapo.pt
REISER, Marcio Antonio, O.F.S.
Portal Angels

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O verdadeiro sentido do Natal


E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1, 14). Desse modo singelo resumiu o Discípulo Amado o maior acontecimento da História. Suas despretensiosas palavras sintetizam o rico e insondável conteúdo do grandioso mistério comemorado a cada 25 de dezembro: na obscuridade das trevas do paganismo, raiou a aurora de nossa salvação. Fez-Se homem o Esperado das nações, Aquele que tinha sido anunciado pelos profetas.
Cenário tomado pelo sobrenatural
Na noite em que Jesus veio ao mundo, pairava sobre Belém uma atmosfera de paz e alegria. A natureza parecia estar em júbilo enquanto, dentro de uma gruta inóspita, um santo casal contemplava seu Filho recém-nascido.
Ela é a Mãe das mães, concebida sem pecado original, criatura perfeita, na qual o Criador depositou toda a graça. Ao seu lado, encontra-se São José, esposo castíssimo, varão justo, cujo amor a Deus, integridade e sabedoria o tornam digno de tão augusta Esposa. E a Criança que ambos contemplam é o próprio Deus, que assume nossa natureza para dar a maior prova possível de seu amor à humanidade.
Quão sublime atmosfera envolvia aquele cenário paupérrimo! O ambiente no qual nasceu o Menino Deus devia estar tão tomado pelo sobrenatural que, se alguém tivesse a dita de entrar naquela gruta, ficaria imediatamente arrebatado por toda sorte de graças.
Foi o que ocorreu com os pastores. Após o aviso dos Anjos, correram em direção à gruta e lá encontraram o Rei do Universo deitado sobre palhas. Abismados pela grandeza dessa cena, que contemplavam também com os olhos da Fé, não tiveram outra atitude senão a da adoração. Que extraordinária dádiva receberam, sendo os primeiros a contemplar o Criador do Céu e da Terra feito homem, envolto em faixas, numa manjedoura!
Deus quis apresentar-Se de forma exemplarmente humilde
Considerando as imponentes manifestações da natureza que acompanhavam as intervenções de Deus no Antigo Testamento - o mar se abre, o monte fumega, o fogo cai do céu e reduz cidades a cinzas -, resulta surpreendente constatar a humildade e discrição com que Cristo veio ao mundo.
Não teria sido mais condizente com a grandeza divina que, na noite de Natal, sinais magníficos marcassem o acontecimento no Céu e na Terra? Não poderia, ao menos, ter nascido Jesus num magnífico palácio e convocado os maiores potentados da Terra para prestar-Lhe homenagens? Bastar-Lhe-ia um simples ato de vontade para que isso acontecesse...
Mas, não! O Verbo preferiu a gruta a um palácio; quis ser adorado por pobres pastores, ao invés de grandes senhores; aqueceu-Se com o bafo dos animais e a rudeza das palhas, em lugar de usar ricas vestes e dourados braseiros. Nem mesmo quis dar ordem ao frio para que não O atingisse. Num sublime paradoxo, desejava a Majestade infinita apresentar-Se de forma exemplarmente humilde.
Pois, apesar das pobres aparências, Aquele Menino era a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. NEle dava-se a união hipostática da natureza divina com a humana, conforme explica o renomado padre Boulenger: "União é o estado de duas coisas que se acham juntas. Ela pode realizar-se ora nas naturezas, por exemplo, quando o corpo e a alma unem-se para formar uma só natureza humana; e ora na pessoa, quando se unem duas naturezas na mesma pessoa. Esta última união chama-se hipostática, porque, em grego, os dois termos, hipóstase (suporte) e pessoa, têm igual significação teológica".
E, depois da união, essas duas naturezas permaneceram perfeitamente íntegras e inconfundíveis na Pessoa de Cristo, que não é humana, mas divina. Por esse motivo é Ele chamado Homem-Deus.
Abismo intransponível

Mas, por que quis a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade encarnar-Se em uma tão inferior natureza? Os nossos primeiros pais foram criados no Paraíso Terrestre em estado de inocência original, portanto em justiça e santidade.2 Além disso, na sua infinita bondade, Deus conferiu a Adão dons de três qualidades: naturais, estando todas as propriedades do corpo e da alma perfeitamente ordenadas para alcançar o seu fim natural; sobrenaturais, a graça santificante, ou seja, a participação na própria vida de Deus, e a predestinação à visão de Deus na eterna bem-aventurança; e preternaturais, tais como a ciência infusa, o domínio das paixões e a imortalidade, que constituem o dom de integridade.
Como contrapartida a esses imensos benefícios, foi apresentada ao homem uma prova.

Devia ele cumprir de modo exímio a lei divina, guiando-se pelas exigências da lei natural gravada no seu coração, e respeitar uma única norma concreta que Deus lhe dera: a proibição de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, plantada no centro do Jardim do Éden (cf. Gn 2, 9-17).
Narra-nos a Sagrada Escritura como a serpente tentou Eva, como caíram nossos primeiros pais e como foram expulsos do Paraíso (cf. Gn 3, 1-23). Em consequência do pecado, boa parte desses privilégios lhes foram retirados. Mas Deus, em sua infinita misericórdia, manteve-lhes os privilégios naturais, como descreve o douto padre Tanquerey: "Contentou-Se de os despojar dos privilégios especiais que lhes tinha conferido, isto é, do dom de integridade e da graça habitual: conservam pois, a natureza e os seus privilégios naturais. É certo que a vontade ficou enfraquecida, se a compararmos ao que era com o dom de integridade; mas não está provado que seja mais fraca do que teria sido no estado de natureza".
O Pecado Original abriu entre Deus e os homens um abismo intransponível. As portas do Céu se fecharam e o homem contingente só podia oferecer a Deus uma reparação imperfeita da ofensa cometida. E o Filho ofereceu-Se ao Pai para, "fazendo-Se obediente até a morte, e morte de cruz" (Fl 2, 8), restituir ao homem a graça perdida com o pecado. O próprio Criador fazia-Se criatura para, com uma generosidade inefável, saldar nossa dívida.
O caminho da glória passa pela Cruz
. Entretanto, por que quis Jesus sofrer o desprezo dos seus coetâneos e os tormentos da Paixão? Estando hipostaticamente unido à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, qualquer gesto da Sua natureza humana poderia ter redimido a humanidade inteira. Um simples ato de vontade de Cristo teria bastado para obter de Deus o perdão de todos os nossos pecados.
Mais uma vez, deparamo-nos com um sublime paradoxo. Com o exemplo de Sua Vida e Paixão, queria Jesus ensinar-nos que, neste vale de lágrimas, a verdadeira glória só vem da dor. E como o Pai desejava para Seu Filho o máximo grau de glória, permitiu que Ele passasse pelo extremo limite do sofrimento.
"O Filho do homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos" (Mt 20, 28). Já na manjedoura em Belém, nosso Salvador estava ciente de ter vindo ao mundo para expiar nossos pecados. É esse o motivo pelo qual em muitos presépios o Menino Deus nos é apresentado com os braços abertos em cruz. Durante toda a sua vida, de Belém ao Gólgota, Jesus não fez outra coisa senão avançar ao encontro do Sacrifício Supremo que Lhe acarretaria o fastígio da glória.
A Terra toda foi renovada

Pode haver ser humano mais frágil do que uma criança, habitação mais simples do que uma gruta e berço mais precário do que uma manjedoura? Entretanto, a Criança que contemplamos deitada sobre palhas na gruta de Belém haveria de alterar completamente o rumo dos acontecimentos terrenos.
Afirma o historiador austríaco João Batista Weiss: "Cristo é o centro dos acontecimentos da História. O mundo antigo O esperou; o mundo moderno e todo o porvir descansam sobre Ele. A Redenção da humanidade por Cristo é a maior façanha da História universal; sua Vida, a memória mais alta e bela que possui a humanidade; sua doutrina, a medida com que se há de apreciar todas as coisas".
Difícil é, num mundo marcado pelo relativismo e pelo laicismo - quando não pelo ateísmo -, ter bem presentes o verdadeiro significado do Santo Natal e o benefício incomensurável que representou para os homens a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Cristo era o varão prometido a Adão logo depois de sua queda, o Messias anunciado durante séculos pelos profetas. Mas a realidade transcendeu qualquer imaginação humana: quem poderia excogitar que Ele seria o próprio Deus encarnado? A vinda de Jesus ao mundo não só abriu-nos as portas do Céu e nos trouxe a Salvação, mas também renovou toda a Terra. Diz São Tomás que Nosso Senhor quis ser batizado, entre outras razões, para santificar as águas.5 E o mesmo aconteceu com todos os outros elementos: a terra foi santificada porque seus divinos pés a pisaram; o ar, porque Ele o respirou; o fogo ardeu com maior vigor e pureza. Podemos sem dúvida dizer que este nosso mundo nunca mais foi o mesmo depois de nele ter vivido, feito homem, o próprio Criador.
Não é por acaso que se contam os anos a partir do nascimento de Cristo, pois Ele, realmente, divide a História em duas vertentes. Antes dEle a humanidade era uma, e depois passou a ser diametralmente outra. São duas histórias. Quase poderíamos afirmar serem dois universos! (Revista Arautos do Evangelho, Dez/2009, n. 96, p. 19 à 21)


Papa confirma visita ao Brasil


Rio de Janeiro (Quarta feira, 14-12-2011 - Gaudium Press)
O Vaticano confirmou a data da visita do Papa Bento XVI ao Rio de Janeiro, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio2013. Deverá ser entre os dias 23 e 28 de julho de 2013, quando na cidade maravilhosa estarão reunidos jovens de todo o mundo.

A data oficial foi decidida durante a reunião entre o Pontifício Conselho para os Leigos (PCL), que é o Comitê Organizador Central da Jornada, e a comissão do Comitê Organizador Local (COL) do Rio, que  se encontra em Roma.


Em Roma estão sendo tratadas questões como a escolha da logomarca da JMJ Rio2013. Um concurso foi realizado para a escolha do símbolo oficial e mobilizou pessoas de todo o Brasil e de outros países que enviaram seus trabalhos ao COL. Os melhores desenhos foram selecionados e levados pela Comissão ao PCL, que escolheu a logo finalista. Segundo Dom Orani João Tempesta, em breve será anunciada a data para apresentação oficial da logo. 


Participam do COL o presidente da comissão e arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta, os dois bispos auxiliares que estão acompanhando mais diretamente a preparação da JMJ-2013, dom Antônio Augusto Dias Duarte e dom Paulo Cezar Costa. 
Ainda fazem parte do COL  da Jornada o monsenhor Joel Portella Amado, da coordenação geral, e os padres Márcio Queiroz, responsável pela Comunicação, e Renato Martins, responsável pelos Atos Centrais.
A comissão retorna ao Rio hoje. 

Com informações da Arquidiocese do Rio de Janeiro

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

TEATRO: Na Sala de Espera da UTI

      Em uma sala de espera da U.T.I., algumas pessoas esperam notícias do paciente do quarto 302. Um está preocupado, outra desesperada, outro tranquilo, um outro ainda dá risada...

     
Quem será este paciente que desperta reações tão diferentes naqueles que esperam notícias suas? 



      Este interessante teatro encenado por amigos e cooperadores dos Arautos do Evangelho lhe levará a se colocar problemas bem interessantes. Assista e tire você mesmo suas conclusões.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Como Deus escreve?


 Por Alexandre de Hollanda Cavalcanti
Os olhos curiosos voltam-se rapidamente diante do vulto que passa ao lado do carro. O velho e experiente taxista não se altera diante da surpresa da passageira...
- Pois é, minha senhora, aqui não é surpresa vermos cenas assim...
- Mas... ele é tão jovem – objetou a distinta senhora que ocupava o banco traseiro do carro.
- Desde cedo já descobriu em que mundo caiu. Seus pais morreram e o coitado sustenta seus irmãos com esses doces que vende no semáforo.
- Meu Deus... e que idade ele tem?
- Nem ele sabe, mas creio que uns nove ou dez anos.
A substituição do vermelho pelo verde no semáforo ocorre em inteira sintonia com os movimentos do motorista, que retoma seu caminho sem prestar atenção no que viu.
Neste momento, um ruído agudo de pneus, num atrito frenético com o asfalto, assusta a senhora. Premido pelo fluxo dos automóveis, o taxista segue o caminho, reduzindo um pouco a marcha.
Voltando-se inteiramente para trás, a distinta passageira dá um grito e perde momentaneamente os sentidos. Olhando para o banco traseiro, o taxista reduz a marcha e procura um lugar onde parar o carro, a fim de atender à assustada senhora.
- O que houve?
- Coitado, coitadinho dele, foi atropelado! Veja! A ambulância já o está socorrendo!
O soar triste de uma sirene corta os ares, como um gemido de dor que fende os corações.
Dentro da ambulância, tudo é apreensão e alvoroço. Um forte enfermeiro segura com firmeza os ombros do menino, enquanto as mãos delicadas da médica tentam imobilizar o fêmur exposto através dos músculos rasgados da criança que grita em desespero. O sangue escorre pelas mãos enluvadas da doutora, caindo abundantemente sobre o chão escuro da ambulância.
A médica não consegue conter as lágrimas diante do sofrimento do menino e segura a perna fraturada, enquanto um auxiliar coloca a tala inflável que imobiliza o membro.
Rápida como pensamento torpe em alma honesta, a médica sutura alguns vasos sanguíneos, diminuindo o risco de um óbito por hemorragia. Tirando as luvas, toma no colo a cabeça transpirada da criança que grita desesperadamente de dor. As lágrimas dele são tantas que encharcam as mãos da médica. Ela o trata com o carinho de uma mão para com seu próprio filho.
Driblando agilmente o conturbado trânsito da capital, ao som estridente da sirene e com os faróis altos acesos, a ambulância entra no pronto-socorro, fazendo uma manobra brusca que chama a atenção de todos.
Avisados por rádio, os para-médicos já têm uma maca pronta, enquanto os médicos de plantão preparam-se para uma intervenção de emergência.
Duas horas de intenso trabalho numa delicada cirurgia, e o menino é conduzido para a enfermaria de pós-operatórios. Pouco a pouco o efeito da anestesia vai passando e um lusco-fusco de consciência vai se acendendo na mente da sofrida criança.
Mal recobrando os sentidos, um grito de dor ecoa pelos corredores do hospital:
- Por que comigo? Que desgraça! Tanta gente correndo, tanta gente brincando e eu aqui, preso na cama, engessado!
- Até há pouco outros diziam isso aqui no hospital, enquanto você corria na rua – comentou um ancião que estava no leito ao lado.
- Mas... agora sou eu que estou aqui! Deus não me protegeu? Ele esqueceu-se de mim!
- Não diga isso, Deus é pai e nunca esquece de seus filhos!
- Ah... Deus! Até parece que Ele escreve sempre errado...
- Este livro tem uma história de um menino que sofreu como você, quer conhecê-la?
- Ja que estou aqui...
- Há muitos e muitos anos atrás, vivia um menino que nasceu paralítico. Sentado à beira da estrada, via as crianças brincando, os adultos trabalhando, divertindo-se e, muitas vezes, reclamando das dificuldades que a vida apresentava. O menino pensava sozinho: “Essa gente toda é feliz por andar e fazer o que quer e ainda reclama? Não agradecem a Deus o dom da saúde? Quem me dera poder andar como eles! Eu nunca mais reclamaria , seria muito feliz!”
Os anos passaram-se e o menino cresceu. Havia na cidade dele uma piscina abençoada por Deus. De tempos em tempos, um anjo do Senhor descia ao tanque e a água se punha em movimento. O primeiro que entrasse no tanque ficava curado de qualquer doença que tivesse.
Assim ele viveu à beira da piscina por trinta e oito anos. Um dia, uma nova luz iluminou aquele ambiente. Era Jesus, nosso Salvador, que ali entrava com seus discípulos. Os olhos do homem brilharam com um fulgor especial. Nunca vira alguém tão belo, tão santo e acolhedor.
Pensou: “Este santo homem vai prestar atenção nos outros e nem me olhará”. Porém, Jesus dirigiu-se para ele e, com um olhar de bondade, perguntou: “Bom homem, queres ficar curado?” O enfermo respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada: enquanto vou, já outro desceu antes de mim.”E, cobrindo-se com sua velha manta, mergulhou novamente em sua triste melancolia.
Jesus sentiu em seu coração a dor do paralítico e desse com bondade: “Levanta-te, toma teu leito e anda”. Aquele homem sentiu em si uma força toda especial e levantou-se, tomado de uma alegria interior que nunca mais o abandonou.
Ele percebeu que muitos dos que antes foram curados de corpo tinham porém problemas graves de alma, que nunca os abandonariam. Levavam consigo uma dúvida e uma incerteza que os atormentava. Ele porém, tinha agora a certeza de que Deus o amava. Jesus, o Filho de Deus, veio pessoalmente curá-lo! Esta certeza foi para ele um prêmio muito maior do que a cura do corpo. Então ele entendeu que Deus não havia escrito errado a sua vida, mas ele apenas não conhecia o final da frase!
- Mas comigo está escrito errado, desde o começo! - retrucou o menino.
- Deus começou a escrever a frase agora, quem sabe como será o seu fim?
- Ele não começou agora! Não conheci meu pai, minha mãe foi assassinada, tenho dois irmãos para cuidar e nunca pude estudar, pois tenho que conseguir dinheiro vendendo doces no sinaleiro. Agora nem isso eu posso mais fazer, pois vou ficar aleijado!
O pobre garoto desatou num choro incontrolado.
- Por favor, você tem alguma informação sobre um menino de rua que foi atropelado?
Espere um pouco, senhora, vou verificar – respondeu a atendente do hospital diante de uma distinta dama que entrou na recepção, atraindo a atenção de todos.
Que fazia aquela senhora tão rica num hospital de indigentes?
- Demorei muito para descobrir na polícia, onde ele veio parar. Coitadinho!
- Ele está na enfermaria 312, mas o horário de visitas é a partir das...
A moça não conseguiu terminar a frase, pois a senhora já havia se dirigido para lá em passos apressados. Era tal a sua distinção que ninguém ousou impedi-la.
- Ah, meu filho, você está bem?
- Quem... quem é a senhora?
- Você não me conhece, mas estou rezando por você há muitas horas!
- Como assim?
- Eu vi você ser atropelado e tive muita pena, tanto que passei mal e tive que ser atendida. Quando melhorei, procurei saber onde você estava, para obter notícias suas.
- Eu... – os soluços retiveram as palavras da criança, que procurava cobrir o rosto, para esconder suas lágrimas.
- Ele vai ficar aleijado, pobrezinho – comentou o vizinho de quarto.
A senhora, tomando a cabeça do menino entre os braços e apertando ao seu coração, disse com a voz entrecortada por soluços e embargada pelas lágrimas:
- Eu perdi meu único filho há muitos anos... ele foi atropelado! Meu coração esperava alguém a quem dedicar seu amor materno e Deus me trouxe até aqui! Você tem mãe?
O menino tremeu convulsivamente e, procurando segurar um dolorido pranto, balançou negativamente a cabeça.
-Vo... você quer ser meu filho?
- Mas eu tenho dois irmãos...
- Deus me levou um filho e me dá três! Ele sempre faz tudo com perfeição!
- Até parece que Deus escreve certo, mas por linhas tortas – disse o menino.
- Não meu filho – retrucou seu vizinho – Deus escreve certo por linhas certas, nós é que vemos torto! Você agora tem uma mãe, terá oportunidade de estudar, de ter uma educação e, sobretudo, de conhecer o grande amor que Deus tem por você.