segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Inabitação da Santíssima Trindade








Inabitação Trinitária excede infinitamente a própria graça (criada). 



Por quê?


Porque a graça nos dá uma participação criada na natureza incriada de Deus, já a Divina Inabitação – absolutamente inseparável da graça santificante – nos dá o próprio Deus, ou seja, a própria realidade incriada, que constitui a própria essência de Deus.
Obs: No entanto o que santifica formalmente nossas almas é a própria graça santificante, não a Inabitação Trinitária. Neste sentido, ela é mais importante e de maior valor do que a Inabitação Trinitária.


Dada a importância excepcional desta matéria, vamos estudar cuidadosamente a: Existência, Natureza e a Finalidade da inabitação trinitária na alma justificada pela graça.


1. Existência:
* É uma verdade claramente exposta no Novo Testamento:
I – “Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito Santo habita em vós? Se alguém profana o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós.” (1 Cor 3, 16-17)
II – “Não sabeis que vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós e recebestes de Deus, e que portanto, não vos pertenceis?” (1 Cor 6, 19)
III – “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele e nele faremos nossa morada.” (Jô 14, 23)
IV – “Deus é caridade. E o que vive em caridade permanece em Deus, e Deus nele.” (1 Jo 4, 16)
V – “Pois vós sois templos de Deus vivo.” (2 Cor 6, 16)
VI – “Guarda o bom depósito pela virtude do Espírito Santo, que mora em nós.” (2 Tim 1, 14)

1. Qual verdade está aí expressa?
R – Deus habita dentro da alma que está em graça.
2. Por que de preferência essa Inabitação é atribuída ao Espírito Santo e não ao Pai ou ao Filho? É uma presença especial do Espírito Santo?
R – Não é porque exista uma presença especial do Espírito Santo que não seja comum ao Pai e ao Filho, mas por uma apropriação muito conveniente, já que esta é uma grande obra de amor de Deus ao homem, e é o Espírito Santo o Amor essencial no seio da Santíssima Trindade.
2. Natureza:
* Em toda a criação pode-se distinguir até cinco presenças de Deus completamente distintas:
1ª) Presença Pessoal ou Hipostática: é própria e exclusiva de NSJC enquanto homem. Em virtude da união hipostática, o Homem-Deus é uma pessoa divina, e de modo algum uma pessoa humana, apesar de existir n’Ele uma natureza humana. N’Ele a Pessoa Divina do Verbo não reside como num templo, mas constitui sua própria personalidade, mesmo enquanto homem.
2ª) Presença Eucarística: Na Eucaristia está presente Deus de uma maneira especial, que somente se dá nela. Nela as três divinas Pessoas da SS. Trindade são afetadas: O Verbo, por sua união pessoal com a humanidade de Cristo, e o Pai e o Espírito Santo, em virtude da Divina circunsessão ou presença mútua das três divinas Pessoas entre si, que as faz absolutamente inseparáveis (onde está uma, estão necessariamente as outras duas).
3ª) Presença da Visão: Deus está em todas as partes por essência, presença e potência; mas nem em todas se deixa ver. Por isso a visão beatífica no Céu é uma presença especial de Deus, distinta das demais. No Céu Deus está se deixando ver.
4ª) Presença de Imensidade: Nenhum ser existe nem poderá existir sem que Deus esteja intimamente presente nele por essência (dando o ser que tem), por presença (permanecendo sempre ante seu divino olhar), e por potência (submetido inteiramente a seu divino poder). Esta presença é comum a tudo quanto existe, inclusive às pedras ou aos demônios e precitos.
5ª) Presença de Inabitação: É a presença especial que estabelece Deus, uno e trino, na alma justificada pela graça.
1. No que se distingue esta presença de inabitação da presença geral de imensidade?
R – Ela acrescenta à presença geral de imensidade duas coisas: a paternidade e a amizade divina. A primeira decorrente da graça santificante, a segunda, da caridade sobrenatural. Entretanto, sem a presença geral de imensidade a presença especial de Inabitação não seria possível.
a.) A paternidade:
* Para ser Pai é necessário transmitir a própria vida, isto é, a própria natureza específica a outro ser vivente da mesma espécie. (ex: escultor)
I – Em NSJC, Deus transmitiu sua própria natureza divina em toda a sua plenitude. (Ele é Filho de Deus por natureza)
II – Na alma justificada, Deus concedeu uma participação real ou verdadeira da sua natureza divina.
* Em virtude da graça santificante, a alma justificada se faz verdadeiramente filho de Deus por uma adoção intrínseca muito superior às adoções humanas, puramente jurídicas e extrínsecas. Daí, Deus, que já residia na alma por presença geral de imensidade, começa a estar nela como Pai e a olhá-la como sua verdadeira filha.
A presença de imensidade é comum a tudo quanto existe, inclusive às pedras ou aos demônios e precitos; a de inabitação, porém, é própria e exclusiva dos filhos de Deus. Supõe sempre a graça santificante, não podendo dar-se sem ela.
b.) A amizade:
A graça santificante traz consigo o maravilhoso cortejo das virtudes infusas, dentre as quais se destaca como principal a caridade sobrenatural. Esta estabelece uma verdadeira e mútua amizade entre Deus e os homens. Por isso, quando, junto com a graça santificante, é infundida na alma a caridade sobrenatural, Deus começa a estar nela de uma nova maneira: já não está simplesmente como autor, mas também como verdadeiro amigo.
A presença de inabitação é portanto: a presença íntima de Deus, uno e trino, como Pai e Amigo.


2 comentários:

CLENIR VIANA GUIMARAES disse...

Obrigada por esta riquez de texto! Que a Trindade os abençoe.

Anônimo disse...

Que bacana! riquíssimo essa explanação! continue! vale a pena!