quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O ideal e a moral, fontes de juventude


Dr. Salomão A. Cheib

Temos falado sobre as causas materiais que  alteram o organismo desgastando-o e levando-o ao envelhecimento precoce. Mas esta é apenas uma parte do problema. Sendo a alma quem dá vida ao corpo, sua influência é tão ou mais importante que os fatores físicos. Não se é jovem pela idade, a juventude adquire-se mediante a elevação espiritual que liga o homem a um ideal superior a si mesmo e o diferencia dos animais.  
O segredo da eterna juventude está na dedicação a um ideal, que obriga o homem a superar-se a si mesmo e a encarar o futuro. Mas apenas os ideais nobres têm esse poder.  
O ideal do cientista é a busca da verdade, o do artista é a beleza, e o da moral e da religião é o bem. Por serem dignos e ter o poder de elevar o homem do seu nível primitivo às alturas da perfeição, elas não podem estar nunca em oposição entre si. 
Não há verdade que seja amoral ou feia, nem beleza maléfica nem o bem tem raízes no erro e na desarmonia. Mesmo que pareça errado e os anseios absurdos o ideal é sempre respeitável até que a experiência dê o seu veredicto. O mal é não ter ideal e viver apenas para o atendimento das necessidades imediatas, sem perspectiva, sem ambições e sem planos.
Esta falta de entusiasmo leva a atrofia da inteligência e das funções cerebrais, reduzindo seu estímulo indispensável para o bom desempenho dos órgãos vitais. É de observação corrente que em casais onde há muita diferença de idade, um dos parceiros atua ativamente sobre o outro, rejuvenescendo-o ou envelhecendo-o. 
Homens idosos estimulados pela exuberância de vida de suas jovens esposas, partilhando de suas emoções, invariavelmente acabam remoçando. Por outro lado, um velho rabugento, egoísta e acomodado leva ao envelhecimento precoce sua jovem esposa. O mesmo ocorre em sentido inverso.  
Uma pessoa torna-se velha quando foge a luta e a confrontação, acomoda-se com o dia a dia passivo e não tem planos futuros, justificando-se  com expressões imobilizadoras como: Para quê? "Agora é tarde, não dá para começar nada", "Não vale a pena". "Eu quero é sossego!"
Muitas vezes, confunde-se o ideal com uma ambição egoísta, como a ganância pelo dinheiro, que é feita quase sempre a custa do sacrifício de muitos, ou o ideal do poder político, que pode ser nobre quando motivado pelo desejo de combater os males sociais e  melhorar as condições de vida do povo, mas que facilmente resvala para interesses pessoais, falta de escrúpulos e uso de métodos desonestos, como se o fim justificasse os meios.  
Ao contrário dos ideais nobres que são qualitativos, esses raramente trazem a beleza e o ardor da juventude. Ele são quantitativos, podem apreciar o mais e o menos, mas nunca sabem distinguir o melhor do pior, a bondade da maldade, a moral do vício.
Em suas almas, as crostas se endurecem, tornam-se empedernidos, insensíveis, voltados para dentro de si próprios, único deus que veneram. De sua mente, sob o signo da ganância, sujeita ao stress pela falta de paz e equilíbrio emocional, o organismo só recebe estímulos negativos, que perturbam e interferem no bom funcionamento dos  órgãos, levando-os à exaustão e  à doença.  
Jamais terá boa saúde quem pratica o mal, lesa, engana e prejudica os outros, pois muitas doenças inexplicáveis que abatem prematuramente um homem forte podem ter sua origem numa consciência pesada.  
Fonte: Shopping News – City News --- Coluna: Medicina --- 3. Agosto. 1986

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