terça-feira, 21 de agosto de 2012

São Pio X


Por Alexandre de Hollanda Cavalcanti



 



Leão XII, um dos Papas que governou por mais tempo a Barca de Cristo, retornava à casa do Pai. Anunciado o Conclave. Todos os Cardeias dirigiram-se a Roma a fim de eleger o novo Papa. 



A tão esperada fumaça branca apareceu na chaminé da Capela Sistina, sob os aplausos entusiasmados do povo Cristo. O Patriarca de Veneza, Cardeal Giuseppe Sarto era eleito o 259° Sucessor do Apóstolo Pedro.


Italiano de origem humilde, Giuseppe desde pequeno demonstrou um grande fervor na oração.


Uma vez, durante a aula de catecismo, o professor levantou uma questão: Darei uma maçã para quem me disser onde Deus está.


Silêncio na sala. O pequeno Giuseppe levanta sua mãozinha e diz: “Professor. Eu darei duas se o Sr. disser onde Ele não está!”


Mesmo com dificuldades na família, o menino fez seus estudos em sua cidade natal e depois estudou em Castelfranco, onde entrou para o Seminário, sendo ordenado sacerdote aos 23 anos de idade. Aos 46 anos foi sagrado Bispo de Mântua e depois Patriarca de Veneza.


Naquela época o Imperador do Sacro Império tinha o direito de veto no Conclave e, sendo eleito o Cardeal Rampolla, este foi vetado. Nas votações seguintes, apesar de pedir humildemente que não votassem nele, o Cardeal Giuseppe Sarto foi eleito, escolhendo o nome de Pio X.


O Cardeal Sarto, de cabeça baixa, ouviu o resultado da votação. Segundo o costume, aproximou-se dele o Cardeal Decano e perguntou-lhe se aceitaria ou não a eleição à Sede Pontifícia. Com os olhos banhados em lágrimas, e a exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, respondeu: “Se não for possível afastar de mim esse cálice, que se faça a vontade de Deus. Aceito o Pontificado como uma cruz”. Após cinco dias, teve lugar a grandiosa cerimônia de posse do sucessor de São Pedro, para a glória da Santa Igreja.


 

 Assumindo o Trono Pontifício, a primeira ação de São Pio X foi abolir o absurdo direito de Veto do Imperador, penalizando com excomunhão maior, todo aquele que, no futuro, “ousasse formular um veto no Conclave ou contribuíssem para fazê-lo.



Dois meses depois de sua posse, publicou a sua primeira encíclica. Dominado por um espírito renovador, São Pio X destinou todos seus esforços para renovar a Santa Igreja, cumprindo plenamente o seu lema: “restaurar tudo em Cristo”, por isso, a primeira preocupação de São Pio X foi a formação e santificação do Clero, através da piedade, do estudo e da obediência.


Em seguida, era necessário levar a doutrina católica, de maneira acessível, para todo o povo. Para isso, ele promoveu a edição de um novo Catecismo e providenciou que fosse ensinado a todos, desde as crianças até os idosos.


São Pio X tinha a certeza de que, por mais que os homens trabalhem, só Cristo, com sua graça, é capaz de produzir sinceras conversões. Por isso, este santo foi um valoroso propulsor da devoção ao Santíssimo Sacramento, facultando comunhão freqüente e até mesmo diária e a Primeira Comunhão para as crianças, tão logo sejam capazes de distinguir a diferença entre o pão alimento e a Sagrada Eucaristia.


Havia na época um poderoso inimigo a quem o Santo fora chamado a combater: a heresia modernista que procurava infiltrar no seio da Igreja o relativismo religioso, visando adulterar o Magistério tradicional e infalível da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a fim de adaptá-lo aos “novos tempos”.


Mestre infalível da verdade, na memorável Encíclica “Pascendi Dominici Gregis” , São Pio X denunciou e reprimiu com o necessário essa heresia que era, na verdade, a  triste síntese de muitos os erros.


Amante de todos seus filhos espirituais, São Pio X tudo fazia para conseguir a conversão dos pecadores, mas uma vez esgotados todos os recursos pastorais, era sua obrigação combater, com íntegra severidade os lôbos, muitas vezes vestidos de ovelhas, que procuravam destruir o rebanho de Cristo.


O equilíbrio santo de sua alma destacava nele dois títulos dados a Jesus, Nosso Senhor: Cordeiro de Deus e Leão de Judá. São Pio X era ao mesmo tempo um exemplo de extremada bondade e um santo de indomável energia.


Uma vez ele foi procurado por dois embaixadores a quem recebeu com inestimável bondade. Porém, a proposta que eles traziam era gravemente ofensiva à Santa Igreja. São Pio X rejeitou a proposta com tal energia que, dando um murro na mesa, quebrou a pedra de seu “anel de pescador”.


São Pio X mantinha um absoluto senhorio de si e dominava os impulsos de seu ardente temperamento. Estava sempre disposto a considerar e aceitar a opinião de outros se isso não implicasse em risco para algum princípio da Igreja; mas, sem nenhuma debilidade, não hesitava em agir intrepidamente em defesa da Fé.


São Pio X reuniu todo o Direito Canônico num só texto e procedeu à revisão da tradução latina das Sagradas Escrituras. Criou o Instituto Bíblico, reformou o Breviário e orientou a música sacra para formas de expressão mais puras.


Não vencido pelo trabalho, mas esmagado de dor por causa da cruel guerra européia de 1914, começou a sentir-se mal a 15 de agosto, desse mesmo ano, vindo a falecer santamente no dia 20 de agosto.


A devoção ao Papa santo começou a correr logo após seu falecimento. Não se tardou em falar de milagres devidos à sua intervenção. Em 1923, os Cardeais residentes em Roma se reuniram em comissão a fim de promoverem sua Beatificação.


Houve até a cura de um bispo brasileiro, alcançada pela intervenção, ainda em vida, do Papa São Pio X.


Foi canonizado pelo Papa Pio XII em 1954 e é conhecido em toda a Igreja como“O Papa da Eucaristia”, o Papa da bondade e da doçura.


Peçamos ao ínclito Papa São Pio X o discernimento, a argúcia, a energia e a combatividade que ele teve ao enfrentar destemidamente as raízes dos erros de nossa época.
 

Nenhum comentário: