segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fatos prodigiosos do dia de Natal






          São Boaventura, frade franciscano que viveu no século XIII, recebeu o título de Doutor Seráfico devido à elevação e clareza de sua doutrina. É de sua autoria o Sermão XXI  No nascimento do Senhor , pronunciado na igreja de Santa Maria de Porciúncula, o qual se baseia, segundo atesta o próprio santo, em diversas descrições antigas.
 
Apresentamos abaixo uma tradução do texto original latino.
“São estes, segundo diversas descrições, os milagres manifestados ao povo pecador no dia da natividade de Cristo:
Primeiro:  Uma estrela brilhantíssima apareceu no céu, do lado do Oriente, e nela se via a figura de um belíssimo Menino em cuja cabeça refulgia uma Cruz, para manifestar que nascia Aquele que vinha iluminar o mundo com sua doutrina, sua vida e sua morte.
Segundo:  Em Roma, ao meio-dia apareceu sobre o Capitólio, junto ao sol, um círculo dourado  visto pelo imperador e pela Sibila  tendo ao centro uma Virgem belíssima, portando um Menino, a fim de manifestar que Aquele que nascia era o Rei do mundo, que Se dava a conhecer como o «resplendor da glória do Pai e a figura da sua própria Substância» (Hebr. 1,3). Vendo este sinal, o prudente imperador ofereceu incenso ao Menino, e recusou desde então ser chamado deus.
Terceiro:  Em Roma desmoronou o templo da paz, a respeito do qual, ao ser construído, os demônios se perguntavam quanto tempo duraria; tendo-lhes sido respondido: até o momento em que uma Virgem dê a luz. Este foi um sinal de que nascia Aquele que haveria de destruir os edifícios e as obras da vaidade.
Quarto:  Uma fonte de azeite de oliveira irrompeu em Roma e fluiu abundantemente, por muito tempo, até o rio Tibre, para ficar patente haver nascido a fonte da piedade e da misericórdia.
Quinto:  Na noite da Natividade, as vinhas da Engadda, que produzem bálsamo, floresceram, cobriram-se de folhas e produziram licor, para significar que nascia Aquele que faria o mundo florescer, reverdecer e frutificar espiritualmente, e atrair com seus odores o mundo inteiro.
Sexto:  Cerca de trinta mil rebeldes foram mortos pelo imperador, a fim de manifestar o nascimento d'Aquele que sujeitaria o mundo inteiro à sua Fé e arremessaria os rebeldes no inferno.
Sétimo:  Todos os sodomitas, homens e mulheres, morreram por toda a terra, conforme disse São Jerônimo, comentando o salmo «a luz nasceu para o justo», para evidenciar que Aquele que nascia vinha reformar a natureza e promover a castidade.
Oitavo:  Na Judéia um animal falou, como também dois bois, para que se compreendesse que nascia Aquele que aos bestiais transformaria em racionais.
Nono:  No momento em que a Virgem deu a luz, todos os ídolos do Egito se espatifaram, segundo o sinal que Jeremias dera aos egípcios quando esteve entre eles, para que se entendesse que nascia Aquele que era verdadeiro Deus, único a ser adorado com o Pai e o Espírito Santo.
Décimo:  Logo que o Menino nasceu e foi reclinado no presépio, um boi e um asno ajoelharam-se e, como se fossem dotados de razão, O adoraram, para que se compreendesse que nascia Aquele que a seu culto chamava o povo judeu e os gentios.
 
Undécimo:  Todo o mundo gozou da paz e se colocou em ordem, para que ficasse manifesto que nascia Aquele que amaria e promoveria a paz universal e marcaria os seus eleitos para a eternidade.
Duodécimo:  No Oriente três sóis apareceram, e aos poucos se transformaram em um só corpo solar, pelo que se mostrava que se aproximava do mundo o conhecimento da Unidade e Trindade de Deus, e também que a Divindade, a Alma e a Carne em uma só Pessoa convergiram.
 

  Por tudo isto, nossa alma deve bendizer a Deus e venerá-Lo porque nos libertou e sua Majestade, com tão grandes milagres, se manifestou a nós, povo pecador”.


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