segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O poder de um «santinho»


Enviado por Auro Saburo Mizuka

Santo Antonio Maria Claret (1807–1870), fundador dos Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos), dizia numa de suas pregações:
         «A imprensa pode prestar incalculáveis serviços para o bem das almas. Como nem todos podem ir sempre à igreja, os impressos entram e ficam ao alcance das pessoas nas casas. Convencido desta verdade, escrevi um bom número de livros e folhas soltas (folhetos).
         Se numa terra, por exemplo, havia o mau hábito de cantar canções desonestas, mandava logo imprimir um folheto com cânticos espirituais ou moralizadores.  Distribuía pagelas aos adultos e santinhos às crianças. A este propósito vou referir um caso sucedido numa das maiores cidades de Espanha.
     *          *          *
         Numa tarde, ao passar por um bairro para visitar um doente, aproximou-se um menino para pedir-me um santinho. E dei-lhe, com a minha bênção.
         Na manhã do dia seguinte, dirigi-me à igreja onde costumava celebrar Missa. Quando estava fazendo a ação de graças, entrou na igreja um homem alto, corpulento, com bigode e barba espessas. Do seu rosto apenas se via o nariz e a fronte.  
         Perguntou-me com voz trêmula e rouca, se podia atendê-lo em confissão. Respondi que sim, com toda solicitude que deve ter um confessor. E vendo muita gente à porta do meu confessionário, mandei-o para a sacristia, pois achei que devia atendê-lo separadamente.
         Quando me sentei, o homem caiu de joelhos e desatou a chorar tão desconsolado, que não havia modo de tranquilizá-lo. Fiz-lhe várias perguntas para indagar a causa da sua aflição. Entre suspiros e soluços, contou-me o seguinte:
         “Ontem à tarde V. Revma passou pela rua de minha casa. O meu filho viu o senhor e foi correndo beijar-lhe a mão e pedir um santinho. O menino voltou muito contente e, depois de ter olhado e beijado o santinho, deixou-o em cima da mesa e foi para a rua brincar com os colegas.
         Por curiosidade e passatempo peguei a estampa e pus-me a ler o que estava nela escrito. Não sei o que se passou em mim naquele momento. Cada palavra era um dardo a cravar-se no meu peito. Tomei logo a resolução de confessar-me. Passei a noite a chorar e a examinar minha consciência
         Já que Deus se valeu do senhor padre para me fazer entrar no bom caminho, desejava confessar-me consigo.  Sou um grande pecador. Ando pelos 50 anos e não me confesso desde criança.  Tenho sido o chefe de um bando de malfeitores. Ainda haverá perdão para mim?”.
         – Sim – respondi – há perdão para o senhor, visto que Deus é Pai infinitamente bom e cheio de misericórdia. Tenha confiança. Deus chamou-o e o senhor fez bem em não endurecer seu coração e ter resolvido logo a fazer uma boa confissão.
         Em seguida confessou-se, dei-lhe muitos conselhos e a absolvição. Ele ficou tão alegre que não acertava em exprimir-se.
         Se as folhas soltas e os santinhos tivessem produzido só esta conversão, já me daria por bem pago».
         
                                                                    Revista “Cruzada” – Braga, Portugal  – Outubro de 2002

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