sexta-feira, 11 de novembro de 2011

São Tarcísio, modelo para os jovens


Ser adolescente não é fácil. Educar um filho, ou uma filha adolescente, talvez seja ainda mais difícil. A adolescência é uma época de mudanças. A despreocupação e a alegria da infância vão se encontrando com as primeiras dificuldades da vida e com as mudanças no corpo e na psicologia do jovem.
É possível ser santo na adolescência? 
Esta pergunta teve sua resposta há mais ou menos 1800 anos atrás.
Vamos a Roma, a cidade mais importante do mundo naquela época. Estamos no ano 260 depois de Cristo e nas ruas próximas ao Coliseu, encontramos um menino de seus 4 ou 5 anos. Órfão de pai e mãe esse menino era criado por uma tia que o tratava com dureza e brutalidade. Castigava-o sem piedade pelas menores coisas e descontava na pobre criança as raivas decorrentes de sua vida dissoluta e imoral.
Descuidando totalmente sua educação, deixava-o na companhia dos meninos de rua e obrigava-o, com chicotadas, a trabalhar como um escravo.
Na rua, ele era conhecido pelo apelido de Pequeno, pois era muito franzino. Quando os outros meninos chamavam-no para alguma coisa errada, sempre algo o impedia de os acompanhar.
Certo dia, sua tia chegou em casa bêbada e mal humorada: aos berros gritava o nome do menino:
- Tarcísio! Tarcísio! Onde está esse desgraçado?
- Assustado, o pequeno Tarcísio aproximou-se da tia com a cabeça baixa, já esperando algum maltrato.
Dando-lhe uma bofetada que o derrubou no chão, a tia disse:
Esta casa está imunda! Você tem que limpar ela toda até amanhã cedo! Se eu encontrar qualquer sujeira, vou te bater até te matar! Vá, comece logo!
Tentando reter as lágrimas que se misturavam com o sangue que corria de seu nariz, Tarcísio começou a trabalhar... mas, quando chegou a madrugada, o cansaço era tal, que ele já não conseguia fazer nada. Além disso, com a escuridão, a limpeza não ficaria bem feita e sua tia o espancaria.
Sentado no chão, Tarcísio chorava baixinho, enquanto pensava:
Eu não vou conseguir fazer tudo e minha tia disse que vai me matar! A única saída que tenho é fugir”.
Arrastando uma mesa, subiu até uma janela da casa e fugiu. Saiu correndo desesperado pela rua, sem saber para onde ir, até que algum tempo depois entrou na floresta escura que havia há alguns quilômetros de sua casa.
Dominado pelo cansaço, ali adormeceu, acordando na manhã seguinte em baixo de uma figueira.
Com medo de que a tia viesse em sua perseguição, pegou alguns figos, colocou-os por dentro de sua camisa e continuou a fuga no meio da floresta, quando, ao pular uma pedra, o chão cedeu sob os seus pés e ele caiu num buraco.
A queda foi muito forte e o menino perdeu os sentidos. Quando acordou. Estava tudo escuro. O sangue corria sobre seu rosto. Tentou levantar-se mas sua perna estava quebrada. Um pavor terrível tomou conta dele. Chorar, não adiantaria de nada. Era preciso procurar uma saída. Depois de algum tempo ele viu ao longe uma pequena réstia de luz e foi se arranstando em direção a ela.
Quase uma hora depois, conseguiu chegar numa espécie de sala onde uma tocha estava acesa aos pés de uma estátua. Somente aí Tarcísio percebeu que estava num subterrâneo. Ele pensou:
- Isso deve ser uma catacumba dos Cristãos. Agora eu estou perdido, minha tia disse que eles comem crianças! Mas eu sou tão magro, que talvez ele não queiram me comer.
Levantando, com dificuldade a cabeça, ele viu uma Imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo e pensou:
- Este deve ser o Deus dos cristãos! Mas Ele tem uma fisionomia tão bondosa. Não parece tão mau quanto minha tia falava.
Tirando da camisa os figos que havia colhido, Tarcísio colocou-os aos pés da Imagem, dizendo:
- Deus dos Cristãos. Eu não sei o seu nome, mas ofereço esses figos para que me salve. A vista de Tarcísio foi se turvando e ele perdeu novamente os sentidos.
Acordou apenas no dia seguinte e encontrou-se numa cama, enquanto algumas crianças olhavam para ele curiosas.
- Mãe, ele acordou, disse a menina.
Uma mulher muito bondosa aproximou-se dele e dise:
- Não tenha medo, querido, você está muito fraco, mas eu vou tratar de você como se fosse meu filho. Com a ajuda de Deus, você ficará curado. Qual é o seu nome:
- Tarcísio.
- E o nome da sua mãe?
- Eu não sei, mas tenho aqui uma medalha com a pintura dela.
Limpando o sangue sobre a medalha, a mulher reconheceu a mãe de Tarcísio e disse:
- Eu conheci a sua mãe! Ela era uma santa! Foi martirizada há muitos anos e sua maior preocupação era que Deus protegesse seu filho que deixava com pouco mais de um ano de vida. O Senhor ouviu a oração de sua mãe e agora você está aqui.
- Mas... a senhora é uma cristã?
- Graças a Deus.
- Por favor, tenha pena de mim, veja, eu sou tão magrinho, não vai dar para alimentar toda a família...
Sorrindo, a mulher passou a mão sobre sua cabeça e disse:
- Não se preocupe, meu filho, os cristão amam a cada pessoa tanto quanto a si mesmos. 
Pouco a pouco a saúde foi retornando ao menino e sua perna se solidificando. Alguns meses depois, Tarcísio já brincava alegremente com os filhos daquela bondosa senhora.
Alguns anos depois, Tarcísio foi batizado e recebeu a Primeira Comunhão . Ele tinha tanta devoção a Jesus Sacramentado que passava horas rezando após as comunhões recebidas.
Aos 13 anos, tornou-se acólito e auxiliava os sacerdotes no Santo Sacrifício da Missa.
Nesta época, o Imperador de Roma, Valeriano, determinou uma terrível perseguição à Igreja Católica, prendendo e martirizando milhares de Cristãos.
O Imperador marcou um grande espetáculo no Coliseu onde pretendia lançar às feras e matar entre torturas muitos católicos. O exército romano palmilhava cada canto da cidade à busca dos cristão e muitos foram presos naquele dia.
Enquanto isso, na Catacumba de São Calixto, o Papa Sisto II estava reunido com muitos fiéis. As mulheres choravam por seus maridos e filhos presos, os homens rezava pela perseverança de suas esposas que seriam mortas no dia seguinte. O Papa, dirigindo-se a todos, disse em tom grave:
- Filhos. Amanhã nossos irmãos sofrerão o martírio. Rezemos para que eles sejam perseverantes e não fraquejem na fé. Como seria bom que eles recebessem a Santa Comunhão para terem forças diante das torturas e da morte.
- Eu posso levar para eles, santidade!
A voz ainda infantil de Tarcísio provocou um sombrio silêncio em todos. Nem as respirações eram ouvidas.
- Sou ainda pequeno e os soldados não desconfiarão de mim. Posso dizer que vou ver algum parente e eles me permitirão entrar na prisão.
- Mas Tarcísio, você é praticamente uma criança! Os pagãos podem tomar o Santíssimo de tuas mãos e profaná-lo.
- Se Deus é por mim, quem terá forças para vencê-Lo? Prefiro mil vezes morrer do que entregar o Corpo de Cristo nas mãos dos pagãos.
Vendo, na atitude do menino, uma inspiração do Espírito Santo, Sisto II entregou-lhe, a teca, envolta num tecido de linho puríssimo, contendo as hóstias consagradas.
Todos ficaram rezando, enquanto Tarcísio partia para sua missão, segurando, com as duas mãos o Santíssimo junto a seu peito..
Quando chegou à Via Ápia, já perto do Coliseu, ele ouviu uma voz que o chamava.
- Pequeno! Você voltou?
Era um antigo colega de rua.
- Que é isso, pequeno, vestido assim todo almofadinha!
- Com licença, eu preciso ir. Respondeu Tarcísio.
Segurando com força seu braço, o rapaz disse:
- Calma Pequeno. Você não vai agora. Dando um assobio, muitos outros rapazes se aproximaram e cercaram Tarcísio.
- Você sumiu, por onde andava?
Um dos rapazes, de olhar mais soturno disse:
- Eu sei onde ele andava! Estão vendo este peixe bordado na sua túnica? Pequeno virou cristão!
- Cristão?! Uma grande vaia e as piores palavras saíam da boca daqueles ímpios.
- Sim, e ele leva aí no peito o Segredo dos Cristãos!
Um rapaz de quase dezoito anos, forte, segurou as mãos de Tarcísio e disse:
- Entrega o Segredo dos Cristãos para nós!
- Nunca! Prefiro a morte! Respondeu Tarcísio.
- Você vai entregar por bem ou por mal!
Agarrando o Corpo Sagrado de Cristo com as duas mãos, Tarcísio tentou desvencilhar-se daqueles malfeitores. Um dele, porém, deu-lhe um forte empurrão, derrubando-o no chão. Todos começaram a espancá-lo com uma violência tremenda. Pegaram paus e pedras, batiam nele sem piedade.
Um deles, pegando um martelo bateu com tanta força em sua cabeça que Tarcísio desmaiou. Mesmo desmaiado não conseguiram arrancar o Santíssimo que ele segurava firmemente com suas mãos ensaguentadas.
Nesta hora, um soldado, de nome Quadratus desfez a algazarra e tomou nos braços o pequeno Tarcísio, já moribundo.
- O que você fez, porque eles fizeram isso?
- Porque sou cristão.
Um frêmito de emoção tomou conta do soldado. Ele também era cristão e tinha nas mãos um santo.
- Teu sangue foi derramado por amor a Cristo. Hoje mesmo estarás no céu.
Tarcísio morreu nas mãos do soldado que o levou para a catacumba de São Calixto, onde foi sepultado.
Mas, os católicos presos no Coliseu iriam morrer sem esse último e supremo consolo?
A Providência, que alimenta as aves do céu e veste os lírios do campo, não deixaria no abandono aqueles heróis.
Sebastião, oficial do exército romano, levou à prisão o pão e o vinho necessários para a Santa Missa.
Não havia altar dentro da cela, mas estava ali um venerável sacerdote: São Luciano. Ele tinha passado pela terrível tortura do potro e todos os seus ossos foram deslocados. Depois, prenderam seus pés num cepo, numa posição dolorosa que tornava tormentoso qualquer movimento.
Naquela época a Missa era celebrada sobre o túmulo dos mártires. São Luciano disse: “Por tudo o que já sofri, bem posso ser considerado um mártir! Ponham as oferendas sobre meu peito!”
E, erguendo com dificuldade a cabeça, pronunciou a fórmula da consagração, sendo, à imitação de Cristo, sacerdote, altar e vítima.
O exemplo de São Tarcísio nos mostra que o chamado à santidade é para todos: homens e mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos.
Às vezes somos tentados a ter vergonha de sermos católicos e por receio do que alguém vai pensar, deixamos de fazer o Sinal da Cruz ao passar por uma Igreja, ou antes das refeições. São Tarcísio, ainda criança, enfrentou a própria morte nas mãos de seus antigos amigos, para defender o Corpo de Cristo. Que ele seja um exemplo para nós nos momentos em que a tentação nos queira enfraquecer.
Tenhamos a devoção que ele tinha pelo Santíssimo Sacramento e, se somos jovens, rezemos a ele para termos forças e nos mantermos sempre nos caminhos de Deus. Se temos filhos, ou parentes jovens, confiemos a São Tarcísio nossas orações pela sua perseverança.

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