Tradução Alexandre de Hollanda Cavalcanti
Esperança é a palavra-chave da visita de Bento XVI ao México, uma visita que envolve intencionalmente a toda a América Latina e ao Caribe, segunda mera – com a tão aguardada passagem por Cuba – deste longo itinerário papal. Sob o fundo do bicentenário da independência, nas palavras do Pontífice em que tantas vezes repetiu a chamada para a missão continental lançada em Aparecida na última conferência geral do Episcopado Latino americano. Para um propósito que se vai unir com o próximo «ano da fé»: enraizar-se em um imensa área do mundo, predominantemente católico, a necessidade de anunciar de novo o Evangelho para superar a tentação insidiosa e sempre presente na comunidade cristã, de uma fé superficial e rotineira.
Na homilia e nas palavras antes do Ângelus pronunciadas sob a proteção da imagem de Cristo Rei colocada sobre o monte Cubilete, centro não apenas geográfico do México, Bento XVI falou de esperança, inserindo dentro do tema os problemas da Paz em muitas partes do Continente: fazendo eco ao incisivo discurso de saudação do Arcebispo de León – D. José Guadalupe Martín Rábago, que descreveu precisamente uma mudança cultural e moral devastante – o Papa assim denunciou a divisão ocorrida em muitas famílias forçadas a emigrar e ao sofrimento de muitas outras por causa da pobreza, corrupção, violência e criminalidade. Neste tempo marcado pela dore e pela esperança, Bento XVI comentou o Evangelho – escutado durante a Missa exemplar, de meio milhão de fiéis que lotavam o imenso parque do Bicentenário – no qual João refere-se ao pedido dos gregos de verem Jesus e à sua resposta, que declara a sua glorificação sobre a cruz. É a mesma mensagem que se expressa na realeza de Cristo, como o indica a coroa real de espinhos da imagem de Cristo Rei de Cubilete, que João Paulo II não pôde visitar em suas cinco viagens ao México: o reino do único Senhor não se fundamenta em sua força, mas no amor de Deus, que conquista os corações e exige o respeito, a defesa e a promoção da vida humana, o crescimento da fraternidade e a superação da vingança e do ódio.
A esperança é fundada sobre a vinda de Cristo, rejeitado e condenado à morte, mas que através de sua Paixão realizou a salvação. O mal não pode impedir a vontade divina de salvar o homem nem dará a última palavra na História, afirmou Bento XVI na homilia durante a oração de Vésperas, junto aos representantes do Episcopado do Continente e a eles, em continuidade com seus predecessores, confirmou a proximidade do sucessor do apóstolo São Pedro com seu rebanho.
Com a visita ao México o Papa soube tocar o coração dos mexicanos e de todos os povos da América, mostrando com simplicidade seu afeto aos milhares de pessoas que esperaram horas para vê-lo ainda que só por um momento, olhando em particular aos mais fracos e menores: aos familiares das vítimas da violência, aos doentes e às crianças. A estes «pequenos amigos» quis dedicar um encontro durante o qual repetiu a essência do Evangelho: Deus deseja que sejamos felizes e se permitimos que Ele mude o nosso coração, então, de fato, podemos mudar o mundo.
(©L'Osservatore Romano 26-27 marzo 2012)
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