sexta-feira, 15 de junho de 2012

A mais famosa ovelha perdida do “ottocento” italiano


Racionalista e frívola, Alessandra di Rudini converteu-se em Lourdes


        “O abismo abre-se diante de mim, o humano despenca-se, já se despencou. O horror deste vazio atroz não se pode explicar com palavras humanas. Por quê vivemos? É afortunado quem pode responder com segurança a esta eterna pergunta”. Estas palavras, escritas por Alessandra di Rudini expressam a luta desta  mulher entre a atração dos prazeres mundanos e o chamado de Deus, de Quem ela procurava fugir com todas as suas forças.
               Alessandra di Rudini é uma das figuras mais fascinantes da alta sociedade italiana do século XIX, famosa “ovelha perdida” daquela época racionalista que deixava a Deus de lado, mas que no fundo, não queria abandoná-lO definitivamente, e somente viver como se não existisse. Até o dia em que de fato fizesse falta, para então voltar-se a  Ele em situações desesperadas.      
             Alessandra nasce a 5 de Outubro de 1876 em Roma, no seio de uma família da alta aristocracia siciliana. É filha de Antonio Starabba, marquês de Rudini, que foi Administrador de Palermo aos 25 anos, depois do golpe de Garibaldi sobre a Sicília dos Bourbons. Mais tarde, foi Prefeito de Palermo e de Nápoles, chegando a ser também Primeiro Ministro do novo  Estado italiano de 1891 a 1892 e de 1896 a 1898. Fundou o Partido da Jovem Direita com o qual triunfou para ocupar o cargo em seu primeiro mandato. Entre seus logros políticos está o de ter assinado, em 1896, o Tratado de Adís Abeba, que pôs fim às pretensões italianas sobre a Etiópia.
           O marquês tinha idéias racionalistas e politicamente revolucionárias, e compartilhava a hostilidade do rei Víctor Manuel II em relação à Igreja Católica. Sua esposa, Maria de Barral, a mãe de Alessandra, não participava das idéias revolucionárias do  marido, mas por causa de sua delicada saúde, pouco pôde influenciar na educação da filha.
             Alessandra tinha um irmão maior, Carlo, que seria esposo da filha do político britânico Henry Labouchere, e que também seria conhecido na alta sociedade daquele tempo. A família do marquês de Rudini levava em si as contradições próprias da época em que seus personagens viveram: o anticlericalismo próprio do “Risorgimento” italiano, fortemente influenciado por esse espírito revolucionário e a idiossincrasia(maneira própria de ver, sentir, reagir) daquele país que faz com que até os maiores inimigos da Igreja tenham amigos entre os eclesiásticos, inclusive na alta hierarquia, e mais cedo ou mais tarde lembram-se de Deus, por se acaso...
             Desde criança mostra um carácter inquieto, impetuoso e perspicaz. Em vez de brincar com casinhas e bonecas , prefere cavalgar no seu “pônei”(cavalinho) ou então correr pelos campos com os cães de caça à procura de presas.
           Por influência da mãe, que queria assegurar um bom colégio religioso para a filha, aos 10 anos ingressa no internato do Sagrado Coração de Trinità dei Monti, no alto da “escalinata” da Piazza di Spagna, em Roma. Sem dúvida, uma das escolas de melhor reputação naqueles tempos. Sua mãe tinha a esperança de que as religiosas ajudassem-na a corrigir seu caráter independente, mas não sòmente não o conseguiram, como, por causa de seu mal comportamento, tiveram que expulsá-la no fim do curso escolar. Seu pai usou tal episódio como pretexto para inscrevê-la numa escola de espírito liberal, onde Alessandra encontrar-se-á mais a gosto, muito diferente à das religiosas. De fato, naquele colégio a diretora deixava-lhe em liberdade e assim a jovem desfrutou de sua inclinação favorita: a leitura. Por influência das idéias liberais do colégio, sem a proximidade de sua mãe, aos 13 anos já estava cheia de dúvidas sobre a fé, que a acompanharam durante muitos anos.         
      Aos 16 anos, quando terminou os estudos, volta à residência familiar. Alessandra dá-se conta da ausência de sua mãe, cuja enfermidade levou a se recolher num asilo. E a jovem assume as tarefas da organização da casa, e passa a acompanhar o pai, chefe do Conselho de Estado, em viagens e recepções de gala. Foram seus primeiros contatos com a alta sociedade romana, na qual logo terá êxito graças a seu bom caráter e a sua firme resolução.
     E no entanto, encontra-se dividida interiormente, pois à sua felicidade externa acompanhava-a o vazio de alma: “Era como se tudo se afundasse em minha volta, e procurava com paixão desesperada um ponto seguro de apoio fora de mim mesma. Lembro-me de algumas noites de ansiedade e de dor indizível. Não existe pior dor que a da alma que busca e não consegue alcançar a verdade”. A leitura da “Vida de Jesus”, de Ernest Renan – que recebeu o epíteto de “blasfêmo europeu” por parte de Pio IX – , obra que negava o sobrenatural, vendo em Jesus sòmente um homem extraordinário, foi fatal para a vacilante fé de Alessandra.
        Tendo só 18 anos, já estava tomada pela vida social, ombreando-se com a nata de sua época. Realizou um cruzeiro no yate pessoal do imperador da Alemanha, Guillermo II, e estabeleceu estreitas relações com a rainha Margarita da Italia.
            Aos 19 anos recusa o casamento com o Grão Duque Sérgio, parente do Czar da Russia, porque não é católico, mas ortodoxo. Naquele mesmo ano surpreende a todos casando-se com Marcello Carlotti da Garda, marquês de Riparbella, dez anos mais velho que ela. Os recém-casados instalam-se na extensa e luxuosa propriedade que os Carlotti possuiam à beira do Lago de Garda. Mas pouco durou esta felicidade familiar, que poderia ter trazido equilíbrio pessoal a Alessadra. Em breve, Marcello manifesta sintomas de tuberculose. A partir de 1900, sente-se perdido e esforça-se em enfrentar a morte como adepto das teorias materialistas. A enfermidade do marido serviu a Alessandra para se voltar tímidamente à fé, procurando um prelado de Verona, Monsenhor Serenelli, para que assistisse espiritualmente a seu marido. Quase nada se pôde fazer, já que o marquês Carlotti recusou todo auxílio religioso e morreu a 29 de abril de 1900, sem manifestar sinal de abertura às realidades eternas. Alessandra fica viúva aos 24 anos, com dois filhos.
              A vida de Alessandra fica marcada por duas tendências contraditórias: a de ser boa mãe e cuidar dos filhos, e a de voltar à vida social que tanto a atraía. A amizade com Mons. Serenelli por ocasião da enfermidade do marido, será agora uma constante em sua vida, se bem que o prelado não tenha conseguido frear algumas das excentricidades da viúva.
               Durante o inverno de 1900-1901, Alessandra deixa  seus filhos aos cuidados de um instituro de previdência social e parte para uma perigosa viagem de exploração  por Marrocos, na qual fica impressionada com a religiosidade dos guias muçulmanos. De volta à Itália, para satisfazer o desejo do pai, regressa à vida mundana, se bem que confessa a algumas pessoas seu desconcerto e sua busca espiritual. Alessandra vê-se sacudida pelas instáveis marés da dúvida. Mons. Serenelli dá-se conta disto,  e recomenda-lhe que seja mais humilde em sua busca da Verdade. Após as exortações desse prelado, em fevereiro de 1902, confessa-se e comunga, mas perseverará pouco tempo nessa disposição.
               Em 26 de Maio de 1903, no Teatro Scala de Milão, Alessandra é apresentada ao ímpio poeta e romancista Gabriel d’Annunzio (1863-1938), amigo de seu irmão Carlo. D’annunzio, famoso por seus costumes libertinos, tinha naquela época como amante a Eleonora Duse, a mais famosa atriz de teatro italiano. Logo enamora-se de Alessandra, a quem foi-lhe difícil conquistar, porque a fama de mulherengo do escritor não lhe agradava. A persistência de D’Annunzio vence a resistência da jovem viúva, que apesar dos protestos de familiares e amigos acaba convivendo escandalosamente com o escritor no seu belo palácio perto de Florença. Assim, deixou seus filhos práticamente abandonados.
                Não muito tempo depois, a sua vida de luxo e de diversões desenfreadas é sacudida por uma grave doença que a surpreende na primavera de 1905, levando-a às portas da morte. É transladada para uma clínica, onde sofre duas intervenções cirúrgicas.
                Ao sair da clínica seu aspecto físico está ressentido e ela nota que D’Annunzio já não é tão carinhoso como antes. Durante a convalescença, o escritor havia feito uma nova conquista, a Condessa de Mancini. Em fins de 1906, dá-lhe a entender que estava demais em sua mansão e Alessandra tem que voltar a sua residência do Lago de Garda, dolorida e humilhada.

O sofrimento ilumina sua alma, cegada pelas paixões

               Mas tal humilhação foi a ocasião para se abrir à graça de Deus. Profundamente  desgostada e decepcionada, Alessandra torna-se cada vez mais consciente de que as vaidades e as  felicidades mundanas são falsas e passageiras. No seu coração surge impetuosamente o problema da fé. Volta-se então para o estudo da Religião e entra em contacto com Mons. Serenelli, sacerdote culto e piedoso, em fins de 1907. O bom prelado não recusa em receber a filha pródiga, cuja confissão escuta com solicitude. Na primavera de 1908, Alessandra faz um retiro espiritual de Santo Inácio. Ela experimenta nessas circunstancias como Deus trata com misericórdia os corações aflitos e abandonados.
               Mas sua conversão definitiva estava ainda por chegar. Tendo voltado às suas obrigações maternas, pede a um sacerdote francês, o Padre Gorel, que se fizesse preceptor de seus filhos, e ao referido eclesiástico expõe seus tormentos interiores e suas dúvidas de fé. O bom sacerdote recomenda-lhe uma peregrinação a Lourdes, onde ficaria curada interiormente. Ele não sabia até que ponto suas palavras iam se tornar realidade.
             Em sua viagem, iniciada com muito ceticismo em agosto de 1910, providencialmente ela estava presente no momento de um prodígio: uma senhora francesa é milagrosamente curada  de sua enfermidade.  O Dr. Boissaire, médico encarregado de verificar tais curações, comprova seu caráter inexplicável para a ciência.
             Depois de longos anos de atormentada busca, reencontra a fé e tem a certeza de que Deus a chama para a doação total da sua vida. Para agradecer à Virgem Imaculada a preciosa graça recebida, manda esculpir uma estátua do cego curado por Jesus, que ainda hoje se venera naquele santuário. Pretende assim expressar que também ela, cega pela paixão, foi ali curada da cegueira espiritual.
             Alessandra volta a Itália totalmente transformada, depois de ter feito um profundo ato de fé em Lourdes: “Pensei muito sobre o milagre que presenciei em Lourdes, e alegra-me reconhecer que não atuei levada por um movimento de emoção religiosa, mas por um ato voluntário e pensado, preparado ao longo de muitos anos de estudo e meditação”.

Radical mudança de vida

               A partir de então começa uma ascensão espiritual que se traduzia na volta a uma antiga idéia da juventude, antes de ser sacudida pelas paixões: a da vida religiosa, rumo à qual se dirige sob a guia de seu novo confessor.
             Percebe entretanto, que uma decisão desta natureza vai contra tudo quanto o mundo pensa. Está porém decidida a não voltar atrás, embora sabendo que terá de deixar os dois filhos.
            Depois desta experiência, a marquesa Alessandra muda radicalmente o seu comportamento. Entrega-se a uma vida de penitência e oração com tal intensidade que espanta os seus familiares e conhecidos. Ela sente no seu  interior que o Senhor Deus a chama para a vida austera das Carmelitas Descalças..
              Aconselhada pelo Padre Gorel em julho de 1911, a marquesa empreende o caminho do Mosteiro das Carmelitas em Paray-le-Monial, localidade célebre pelas aparições do Sagrado Coração de Jesus. Uma luz interior lhe faz ver que está ali o lugar que a Providência preparou para ela. Convence-se que o Coração de Jesus a encaminha para uma vida de amor e reparação, tal como Ele a pediu para Santa Margarida Maria Alacocque.
             Ademais, escolheu a França porque na Itália era muito conhecida.
              Antes de partir para o convento, Alessandra procura com solicitude que tudo para seus filhos fique em ordem e bem encaminhado.
             Por medida de prudência não revela a sua decisão a ninguém. Ao filho Antonio que a interroga acerca desta nova viagem, responde apenas: --Filho, conforma-te em saber de momento, que a tua mãe não fará nada contra a honra e as tradições da nossa família.
             Pouco dias depois os filhos Antonio e André escolhem a carreira militar.

Pedido público de perdão

               Alessandra sente também a necessidade de pedir perdão pelo escândalo dado por ela na povoação do falecido marido, Marcelo Carlotti.
             Numa Missa de domingo na Igreja Paroquial repleta de fiéis, depois da proclamação do Evangelho, inspirada pela loucura dos santos, levanta-se do seu lugar e como pobre pecadora pede perdão a todos pelos maus exemplos da sua vida passada.
             Esta atitude heróica permanecerá viva na lembrança do povo de Garda, durante muitas décadas.
                Entrada no Carmelo
              A 28 de Outubro de 1911, depois das últimas recomendações aos filhos, a Marquesa Alessandra di Rudini, elegantemente vestida, cruza o portão do Carmelo de Paray-le-Monial, que se fecha atrás dela sôbre um mundo que deixa sem saudades.
             Ali recebe o nome de Irmã Maria de Jsus e abraça com heroica fidelidade a vida austera das carmelitas totalmente voltada para a oração, reparação e imolição de si.

Encontra finalmente a paz de alma que tanto ansiava.

     Para Alessandra di Rudini a vida religiosa foi-lhe muito penosa, especialmente dura no Carmelo que ela mesma havia escolhido, por querer fazer penitência dos pecados da vida passada.
          Durante o noviciado recebe a notícia de que o filho André se encontra gravemente doente com tuberculose. Com o consentimento da superiora vai visitar o filho. E para dissimular aos olhos dos familiares a sua nova vida religiosa, veste outra vez a roupa elegante, põe as jóias de quando era marquesa e vai a uma cabeleireira dar um arranjo ao cabelo de modo a não chamar demasiado a atenção.  Em Roma confia André à solicitude da fiel servidora Ana e interna-o num luxuoso sanatório da Suíça.
         Começa então a revelar gradualmente aos familiares a nova orientação da sua vida, o que provoca neles repulsa e incompreensão. Oito dias depois está de regresso ao convento.
      Um pouco mais tarde também o filho Antonio, tuberculoso, irá juntar-se a André no Sanatório.
       Em 1913 a Irmã Maria de Jesus faz a profissão religiosa com um ligeiro atraso à data prevista. Isso porque num gesto de admirável caridade pede autorização para interromper o retiro espiritual preparatório da profissão, para poder tratar de uma irmã doente com tuberculose.
       Enquanto a trata fere-se com uma seringa infectada, o que lhe acarreta graves danos à saúde.

As provações
             
       Às durezas da observância da regra, às quais pouco a pouco se acostuma, unir-se-á a morte por tuberculose de seus dois filhos, Andrea e Antonio, em 1916, o que a leva a uma profunda crise de conciência por reconhecer que havia sido uma péssima mãe ao ter abandonado seus filhos. 
            Amadurecida pelo sofrimento e pela ação da graça em tão pouco tempo, Maria de Jesus ganha a estima e a confiança de tôdas as irmãs. Primeiro é eleita Mestra das Noviças e depois Superiora, a 1 de Junho de 1917. Soprepõe-se a tudo com sua grande força de vontade e desejo de santificar-se.
            Entretanto, com a infecção contraída, a saúde piora. E estende-se por todo o corpo incluindo os dentes.

Na agonia, inteiro desprendimento

        Apesar disso não duvida em gastar os bens herdados dos pais e do marido em obras da Religião. Conclui a construção do Mosteiro de Paray-le-Monial e funda três outros mosteiros em França: Valenciennes (1924), Montmartre (1928) ao lado da Basílica do Sagrado Coração de Jesus e por último, a rehabilitação da antiga Cartuxa de Le Reposoir, num solitário cume da Alta  Saboya, lugar ideal para a vida eremítica e contemplativa. Aí consegue que o Estado reabra um colégio fechado em 1919.
          A sua alma totalmente imersa no amor eterno só conhece duas formas de descanso: o descanso em Deus na mais intensa actividade e o descanso de se dar inteiramente ao próximo.
       Em Março de 1930 sua saúde piora repentinamente como consequência da infecção que invade todo o organismo, padecendo sobretudo do fígado e dos rins. É submetida a três cirurgias, sem resultado.
             Com admirável serenidade vai ao encontro da morte. A 2 de Janeiro de 1931 abandona-se nos braços do Pai com ilimitada confiança, humildade e intimidade, dizendo: “Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito”. Alguns dias antes havia declarado, resumindo uma vida turbulenta e, desde muitos pontos de vista, fascinante: “Diante da proximidade da morte, senti algo que nunca havia experimentado:a atração de Deus, a sede de Deus; e comprendi até que ponto era fácil e bom ir até Ele”.
   
 *       *       *
               Morre assim uma das mulheres que mais se destacou pela sua cultura, riqueza e atractivo pessoal na soiedade italiana dos princípios deste século. Nela o Senhor Deus se dignou fazer resplandecer os infinitos tesouros do seu Amor Misericordioso.
               Madre Maria de Jesus, antes Marquesa de Rudini e Marquesa de Riparbella, recorda-nos de forma viva que quanto maior é o abismo da nossa miséria, tanto mais Deus vem ao nosso encontro se, com humildade e confiança nos abandonarmos a Ele, que tudo pode, tudo vence e nunca desilude a nossa fé.

Obs.: “ottocento”italiano = os anos do século XIX, na Itália
http://www.historiadelaiglesia.org/2011/12/la-mas-famosa-oveja-perdida-del.html

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Milagres de Santo Antônio



Filho de Martinho de Bulhões e Teresa Taveira, defamílias ilustres, recebeu o nome de Fernando no Batismo. Aos 15 anos, entrou no convento da Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, nas proximidades de Lisboa. Aí ficou dois anos e pediu para ser transferido para o mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, porque eram tantas as visitas de parentes e amigos, que perturbavam sua paz. Em Coimbra fez filosofia e teologia e foi ordenado Padre.
Nesse mosteiro de Coimbra, se hospedaram os frades Franciscanos do convento de Santo Antônio dos Olivais, quando viajavam para converter os muçulmanos em Marrocos, na África. Pouco tempo depois, os restos mortais desses frades, martirizados em Marrocos, voltaram a Portugal, para o sepultamento desses heróis em Coimbra, onde morava o Rei de Portugal. Nessa ocasião, Santo Antônio sentiu grande desejo de evangelizar Marrocos e imitar os mártires. Por isso, no verão de 1220, entrou para a Ordem dos Franciscanos, mudou seu nome para Antônio.
Pouco antes de sua morte, São Francisco de Assis apareceu em um testemunho silencioso à obra do seu glorioso filho, Antônio de Pádua. Durante os últimos dias do mês de Setembro os frades se reuniram em Arles. Antônio pregou, tendo como texto, "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus". No meio do sermão de Antônio, um dos frades notou a presença de São Francisco na sala. O Santo Seráfico, suspenso no ar, estava com as mãos levantadas em bênção sobre os frades. Naquele momento todos os presentes foram preenchidos com uma paz tão grande, que elas se perguntaram o que tinha acontecido. Quando o frade contou a visão que ele tinha visto, eles sabiam que São Francisco tinha vindo especialmente para abençoar a obra de Antônio. Ele seria verdadeiramente a Arca do Testamento e o Martelo dos Hereges.
Santo Antônio foi pregar na cidade de Rímini, onde dominavam os hereges que resolveram não ouvi‑lo em hipótese alguma. Frei Antônio subiu ao púlpito e quase todos se retiraram e fugiram. Não esmoreceu e pregou aos que tinham ficado. Inflamado pela inspiração Divina, falou com tal energia que os hereges presentes, reconheceram seus erros e resolveram mudar de vida. Mas o Santo não estava contente com o resultado parcial Retirou‑se para orar em solidão, pedindo ao Altíssimo que toda a cidade se convertesse.
Saindo do retiro, foi direto às praias do Mar Adriático e, em altos brados clamou aos peixes que o ouvissem e celebrassem com louvores ao seu supremo Criador, já que os homens ingratos não queriam fazê‑lo. Diante daquela voz imperiosa, apareceram logo os incontáveis habitantes das águas, e se distribuíram ordenadamente, cada qual com os de sua espécie e tamanho. Os peixes ergueram suas cabeças da água e ficaram longo tempo imóveis, a ouvi‑lo.
Alguns hereges resolveram matar Santo Antônio, envenenando‑o. Convidaram‑no para comer com eles, dando como pretexto debater sobre alguns pontos da Fé. Santo Antônio sempre aceitava comparecer a esses debates e polêmicas. Os hereges puseram diante dele, entre outros pratos, um que continha veneno mortal. Antes que o tocasse, Deus revelou‑lhe a cilada e o Santo, conservando toda a calma, repreendeu os hereges pela traição.
Vendo revelado o intento perverso, os hereges não se abalaram e responderam cinicamente: "É verdade que esse prato tem veneno, mas nós o colocamos aí porque desejamos fazer uma experiência: no Evangelho está escrito que Jesus Cristo disse aos seus discípulos que ainda que tomassem veneno mortal nenhum mal sofreriam e estamos querendo saber se és de fato discípulo de Cristo".
Santo Antônio fez o sinal da Cruz sobre aquele prato e o comeu com apetite, saboreando a comida envenenada como se fosse alimento saudável, e nada sofreu, deixando mais uma vez os hereges confusos e assombrados.
Durante uma pregação, cujo tema era a Eucaristia, levantou‑se um homem dizendo: AEu acreditarei que Cristo está realmente presente na Hóstia Consagrada quando vir o meu jumento ajoelhar‑se diante da custódia com o Santíssimo Sacramento@. O Santo aceitou o desafio. Deixaram o pobre jumento três dias sem comer. No momento e lugar pré‑estabelecido, apresentou‑se Antônio com a custódia e o herege com o seu jumento que já não agüentava manter‑se em pé devido ao forçado jejum. Mesmo meio‑morto de fome, deixou de lado a apetitosa pastagem que lhe era oferecida pelo seu dono, para se ajoelhar diante do Santíssimo Sacramento.
No domingo de Páscoa enquanto pregava na Catedral, Santo Antônio lembrou‑se de que fora designado para entoar a Alleluia na Missa que se celebrava naquele momento na Igreja do Convento franciscano. Não querendo faltar com a obediência e não podendo descer do púlpito, parou um pouco, calou‑se como se estivesse retomando a respiração e, nesse momento, foi milagrosamente visto no Coro de seu convento, entoando a Alleluia. Esse prodigioso milagre de bilocação foi assistido e certificado por muitas testemunhas, espalhando‑se a notícia em todos os locais.
Imediatamente depois da tomada de seus deveres novos na ordem em Limoges, um fato chamou a atenção de Antônio, um dos principiantes pensava em deixar a comunidade. Deus revelou a tentação do principiante de modo que Antônio pudesse o ajudar na hora de sua necessidade. O novo franciscano foi chamado à presença de seu superior. Antônio abraçou‑o com toda a afeição de um pai. Então ele revelou o que lhe estava incomodando. Quando terminou, Antônio assoprou no principiante e disse, " Receba o Espírito Santo! " De repente a tentação incômoda de retornar ao mundo tinha desaparecido completamente. O principiante tomou seus votos e perseverou na vocação religiosa que com a ajuda de Santo Antônio.
Santo Antônio pregava em Briba, quando uma senhora, apressada para assistir seu sermão, deixou sobre o fogo um caldeirão com água, sem se lembrar de que seu filho pequeno ficara só em casa. Ao chegar da pregação, viu com horror que o menino havia caído dentro do caldeirão e que a água estava fervendo. Bem se pode imaginar os gritos de desespero que deu a pobre mãe! Não ousava aproximar‑se, certa de que encontraria a inocente vítima horrivelmente queimada e morta. Mas, cheia de fé em Santo Antônio, invocou‑o e quando aproximou‑se seu filho estava são e salvo, brincando e pulando na água fervente, sem que esta lhe queimasse.
Certa vez Santo Antônio pregava em uma plataforma improvisada na praça da cidade. Mas antes que começou seu sermão, Antônio pausou por um momento para advertir sua audiência, " Enquanto eu lhe estou falando, o diabo fará com que esta plataforma desmorone. Mas ninguém se machucará." O sermão mal tinha começado quando a predição de Antônio foi cumprida. Com um grande ruído a plataforma desmoronou. Ninguém desanimou por sua queda. Antônio escovou a sujeira de seu hábito, e foi fazer o seu sermão. Satanás teria que fazer muito mais do que isto para impedir que um Franciscano zeloso como Santo Antônio de Pádua pregasse a palavra de Deus.
Santo Antônio passava muito tempo no confessionário. Eram problemas estranhos e dolorosos de todos os tipos. Um penitente encontrou e quando se ajoelhou nos pés do padre Franciscano, era incapaz de confessar seus pecados. A amargura que encheu seu coração era tão grande que simplesmente não conseguia falar. Antônio leu seu coração e soube que o arrependimento era sincero. Sendo assim disse ao homem, " Vá para casa, escreva seus pecados em um pedaço de papel, a seguir traga o papel de volta para mim." Assim fez o homem. Santo Antônio mandou‑o ler a lista, obedientemente o penitente começou com o primeiro. Admirado viu que, cada pecado dito, desaparecia do papel. Quando o último pecado tinha sido confessado, o papel estava perfeitamente em branco.
Em Arezzo vivia um homem nobre, mas tão colérico que quando se irritava parecia perder o juízo. A esposa, senhora de muito siso e prudência, teve um dia a infelicidade de proferir umas palavras que irritaram o marido a tal ponto que ele se atirou sobre ela espancando‑a cruelmente, chegando a lhe arrancar os cabelos. Com os gritos da infeliz, os vizinhos correram para acudi‑la, encontrando‑a quase morta na cama. O marido, depois de serenar, envergonhou‑se do que tinha feito e lembrando‑se da fama de Santo Antônio, foi procurá‑lo arrependido, pedindo que o ajudasse.
O piedoso Santo foi logo procurar a senhora, abençoando‑a e, fazendo o sinal da Cruz sobre ela, começou a rezar. Pouco a pouco ela foi recuperando o antigo vigor e, milagrosamente, quando se ajoelhou aos pés do Santo, renasceu todo o cabelo.
Os últimos dias de Santo Antônio foram passados com seu amigo, o conde Tiso, em Campo Sam Piero. Lá, na propriedade arborizada do nobre, Antônio viu uma árvore de noz gigante e lá iria descansar. Seus irmãos de fé, Roger e Luke Belldi, construíram uma pilha com os galhos da árvore como um abrigo para o Santo. As pessoas vinham ouvir Santo Antônio e para isso tinham que passar pela propriedade de um fazendeiro vizinho que tinha plantado um campo de grãos. A compressão de muitos pés de trigo arruinava a plantação quase madura. O fazendeiro queixou‑se ao Santo que o consolou, e falou-lhe para voltar no dia seguinte para colher seus grãos. O fazendeiro fez como foi dito. Quando retornou no dia seguinte, viu com perplexidade cada bocado da grão completamente ereto e inteiramente maduro para a colheita.
Uma mulher de Pádua foi procurar gravetos um dia para que ela pudesse fazer um fogo em sua casa. No caminho de volta, a mulher passou por uma lagoa na beira da estrada. Ela olhou para o lago deu um grito de horror. No fundo da lagoa estava o corpo de sua filha. De alguma forma, a menina tinha caído na água e se afogou. A mãe entrou na lagoa e arrastou o corpo até à estrada. Mas era tarde demais. Na angústia da mãe lembrou‑se de Santo Antônio e os milagres que tinha feito de seu túmulo. Cheia de confiança no poder do Santo, ela prometeu deixar uma lembrança para a Basílica do Santo se a vida de sua filha fosse restaurada. Logo que a mãe tinha acabado a sua oração e fez seu voto, a filha começou a dar sinais de vida. Com os devidos cuidados a jovem se recuperou completamente em um tempo muito curto.
Um senhor nobre de Ferrara era tão ciumento com sua esposa que recusou reconhecer sua primeira criança como sua. O marido insensato não tinha nenhuma razão para duvidar da fidelidade de sua esposa mas ele não queria saber de seu filho. Em seu desespero a esposa foi pedir ajuda a Santo Antônio. O Santo falou ao nobre por horas e finalmente conseguiu fazer com que ele visse a irracionalidade de seu ciúme. Só aí então a enfermeira trouxe a criança. Por um instante, sua velha irracionalidade retornou, então Antônio virou para a criança e disse, "Em nome de Jesus Cristo, fale e diga quem é seu pai!" A criança apontou para a nobre e, com voz de uma criança mais velha disse: este é, meu pai!" Com isso o pai pegou e tomou a criança em seus braços. Santo Antônio tinha ajudado a conservar uma família e um casamento.
Ocupado na província de Veneza, foi nessa época que um cavalheiro florentino morreu e seus parentes planejavam um elaborado funeral para o defunto. Antônio estava no bairro e foi convidado a pregar o sermão fúnebre. Mal sabiam os enlutados qual seria o sermão que Antônio realmente faria. Como texto Antônio escolheu: "Onde está o teu tesouro aí está o teu coração também.@ No meio do sermão, ele fez uma pausa brusca. Depois, em tom solene, ele continuou: "Este homem está morto, e sua alma está enterrada no inferno! Vamos! Abra seus cofres, e vocês vão encontrar o seu coração!" Os parentes surpresos fizeram como o Santo Antônio ordenou‑lhes. O baú foi aberto. Lá, no meio de todas as peças de ouro, havia o coração do homem que, embora rico em tesouros terrestres, morreu pobre nas coisas do Céu.
Certa vez, Santo Antônio precisou de alojamento em Pádua e um senhor nobre, da família dos Condes de Campo Sam Piero, teve a honra de o acolher em sua casa. Uma noite, vendo do lado de fora do quarto de Frei Antônio alguns raios de luz, aproximou‑se e viu o Santo segurando nos braços um gracioso Menino. Ficou cheio de espanto por tão extraordinária maravilha.Compreendeu que se tratava do Menino Jesus que se tornara vísivel ao Santo para recompensá‑lo com celestes consolações pelas fadigas sofridas. Enquanto ainda observava, o Menino desapareceu. Saindo do êxtase, Frei Antônio deixou o quarto e dirigiu‑se ao dono da casa, dizendo que sabia que ele o havia observado durante a aparição. Pediu então com insistência que não revelasse o que tinha visto. O senhor cumpriu a palavra, somente revelando o fato depois da morte do Santo. A história o tocara profundamente e todas as vezes que a relatava, não conseguia reter as lágrimas.
Um rapaz foi assassinado perto da casa de Martinho de Bulhões, pai de Santo Antônio. Os assassinos levaram o corpo para o quintal de Martinho e ali o enterraram, sem que o proprietário do terreno soubesse. Mais tarde, foi descoberto pela Justiça o corpo na casa do infeliz fidalgo e este foi acusado pelo crime. Diante dos gravíssimos indícios de sua culpa, permaneceu quinze meses preso e, finalmente, estava sendo julgado e seria com certeza condenado à morte. Frei Antônio foi misteriosamente avisado do perigo que ameaçava seu pai. E foi imediatamente pedir ao Guardião do convento que o deixasse ausentar‑se de Pádua por pouco tempo. Assim que foi autorizado, viu‑se transportado num instante à Lisboa, indo direto ao tribunal e, depois de beijar a mão de seu pai em sinal de respeito, tomou a sua defesa. Os juízes ficaram impressionados com o aparecimento daquele inesperado advogado e com a segurança com que ele falava, mas não se convenceram da inocência do réu, tantas eram as provas que tinham de sua culpa.
Faltando testemunhas de defesa, Santo Antônio apelou para o depoimento da vítima. Os assistentes, surpresos com a estranha proposta, começaram a rir. Mas Frei Antônio insistiu e os juízes levados pela curiosidade, consentiram que ele chamasse o morto como testemunha da defesa. Chegados à sepultura do falecido, o Santo ordenou que a abrissem e chamou o frio cadáver em voz alta, ordenando‑lhe em nome de Deus que dissesse aos juízes a verdade sobre o seu assassinato. Imediatamente o morto levantou‑se como se estivesse vivo e respondeu com voz sonora que Martinho de Bulhões era inocente e não estava manchado pelo seu sangue. Em seguida, deitou‑se na sepultura.
Santo Antônio, depois de se despedir do pai, desapareceu. Ficaram os juízes e a assistência assombrados com o milagre que acabavam de presenciar. O nobre Martinho de Bulhões, graças ao seu santo filho, teve sua vida salva. Os verdadeiros culpados foram descobertos.
Em 1231, seu sermão alcançou o ápice de intensidade, porém, foi neste mesmo ano que o Santo foi acometido de uma doença inesperada, e ele veio a falecer em Arcella, no dia 13 de junho, aos 36 anos de idade.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Lampião e as provas da existência de Deus

por Alexandre de Hollanda Cavalcanti

Todo brasileiro já ouviu falar das aventuras do famoso cangaceiro Lampião, que nos primeiros anos do século passado tanto temor causou nas populações nordestinas. Nos imaginemos nas caatingas do Nordeste, onde os cangaceiros, chefiados pelo espertíssimo Virgulino Ferreira, faziam suas andanças. Por entre as folhas secas e espinhosas surgem os homens vestidos de couro, com cintas de balas cruzadas sobre o peito, armados de gravinotes e granadeiros, com um par das famosas “peixeiras” à cinta.
No meio das andanças, Lampião pára num velho rancho, onde a dona da casa reza apavorada, pedindo a proteção da Mãe de Deus, contra a violência dos bandidos. E a coronha do fuzil bate com violência à porta...
- Abre logo a porta, Dona Maria, aqui é Lampião!
- Eu nun vô abri não sinhô, eu sozinha e num tenho nada prá mode vocês robá não, viu!
- Nóis num vai robá nada não, só queremo que a sinhorade cumê prá nóis!
- Intão espera de fora, que eu vô aprepará a cumida... minha Virge, Nossa Sinhora, me protege prá esses cabra gostá da cumida e mi deixá em paz!
Após alguns minutos a comida estava pronta e os cangaceiros se alimentavam tranqüilos, quando um deles falou:
- Ôxe, Da. Maria, essa cumida tá insossa (sem sal)!
- Mas pia só que cabra ingrato - gritou Lampião - a véia deu cumida pra nóis e tu ainda recrama do sal? Ô Da. Maria traz um quilo de sal que esse cabra vai ver o que é bom prá tosse!
Assim, o cangaceiro foi obrigado a comer um quilo de sal, sem direito a água por um dia, sob a mira do fuzil de “Meia-noite”, o cabra mais valente da tropa de Lampião.
Imaginemos a situação deste coitado: ele sentia uma sede que nunca tinha visto igual: a sua boca estava seca, a garganta ardia, os lábios estavam completamente rachados, um desejo ardente por um pouco de água...
Essa sede tremenda que o cangaceiro sentia era devido ao excesso de sal e à falta de água em seu corpo, pois dois terços do nosso corpo é feito de água.
Podemos aqui verificar, como Deus, sabendo da necessidade dos homens ingerirem água, colocou em suas laringes, células sensitivas que ressecam e enviam ao cérebro sensação de secura, tão logo o organismo necessite de reposição de líquidos.

Então, Deus colocou no homem um sistema que ensina, com precisão, a hora em que a pessoa deve ou não beber água. Ninguém precisa calcular a necessidade de água por dia, Deus fez todos os cálculos, colocou-os em nosso cérebro e, quando falta água, sentimos sede, bebemos de novo... é um mecanismo de auto-regulação: faltou, o corpo avisa, a pessoa bebe, tudo volta ao normal.
       Vamos dar outro exemplo: Quando qualquer elemento estranho invade o nosso organismo (germes, vírus, bactérias, etc.) acontece como num país que é invadido: todo o exército de defesa (que são os anticorpos) vão em cima dos inimigos para destroçá-los. Mas, num país não existe somente um Exército, existem também a Marinha e a Aeronáutica, que servem para transportar as tropas para o local de combate.
Da mesma forma, nosso corpo, estes anticorpos que estão guardados em seus reservatórios naturais (Quartéis Generais do organismo), precisam ir rapidamente para o local invadido e combater o inimigo. Assim, basta ter a notícia de uma infecção, o coração começa a bater mais rápido, aumentando a circulação e a velocidade do sangue na superfície da pele, para poder enviar ao local um grande número de leucócitos e bastante fibrina, que é um material que forma uma verdadeira capa sobre os invasores, impedindo que os mesmos tomem conta de todo o organismo. Daí, forma-se o que chamamos uma inflamação. A inflamação é, na verdade, um verdadeiro cerco que o organismo monta para vencer o inimigo.
Aqui nós vemos mais um ponto onde a perfeição de Deus se manifesta na proteção de cada um, como Ele quis colocar nos homens todos esses elementos de defesa, para evitar a destruição de Sua Criação. É interessante observar que, para que isso tudo aconteça, a gente não precisa, sequer, pensar. Isso vai acontecendo automaticamente, porque Deus quis que fosse assim! Tudo foi precisamente planejado pelo Criador antes mesmo de que fosse criada a própria vida sobre o nosso planeta. Mesmo assim, ainda há quem defenda que tudo isso que vemos no mundo aconteceu por acaso! Observando as coisas criadas, se patenteia como Deus já nos preparou para todas as situações que podem ocorrer em nossa vida, como Ele, não tendo passado, nem presente, nem futuro, já previa as necessidades dos homens e já colocou esse sistema para agir nas horas certas.
É possível afirmar, honestamente, que tudo derivou da simples aproximação de moléculas com quatro ou cinco átomos cada uma, sob a ação energética dos raios solares?
É possível demonstrar que essa obra de inteligência sobre-humana é devida à não-inteligência e à idiotia do acaso cego?
Evidentemente, para que haja tal organização é necessário haver Alguém, sumamente inteligente e criador, que tenha executado com magistral perfeição a ordenação de toda a matéria por ele mesmo criada: e este Alguém, evidentemente, é Deus!
Pensar que na base da vida não haja uma organização produtiva adequadamente predisposta, antecipadamente programada, seria delírio de criança, para dizer pouco. Deus nos criou e nos amou de tal maneira que preparou tudo para o bem de cada um de nós. Se Ele assim agiu no campo natural, o que não fará no campo sobrenatural? Basta pensar na Encarnação, na Paixão e na Redenção, para nosso amor por Ele subir até as máximas alturas da santidade!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cristo e as mães



“Nosso Senhor Jesus Cristo desejou um afeto de mãe quando abriu os olhos; e quis um carinho de mãe quando os fechou. 

 








 

 








Isso basta para nos dar a entender o significado do afeto de mãe e o papel que desempenha na formação dos filhos.”

Plinio Corrêa de Oliveira

domingo, 29 de abril de 2012

Criticando os outros


Um conferencista muito experimentado foi convidado a falar, num grande auditório, sobre o papel destrutivo das críticas no convívio humano.
Esperado por todos, o palestrante foi recebido com vivo interesse pelo público. Após os cumprimentos de praxe, não falou nenhuma palavra, apenas abriu uma grande mala de couro e dali tirou uma bela coroa, resplandecente de pedras preciosas e colocou-a em cima da mesa.
 


        No mesmo silêncio tirou da maleta um belíssimo vaso de porcelana chinesa com mais de mil anos, todo folheado a ouro e cravejado de rubis e diamantes.
A curiosidade do público era atiçada por seu silêncio. Mais uma bela maravilha saía de sua sugestiva mala: um instrumento de navegação utilizado pelos fenícios, muitos anos antes da vinda de Cristo sobre a terra.


      Não paravam de sair coisas belas e curiosas... o bastão de comando de César Augusto, Um rolo com os manuscritos do Primeiro Evangelho, Jóias pertencentes à Czarina Alexandra da Rússia, um cálice de ouro utilizado pelo Papa São Gregório Magno.
No momento em que todos já estavam a ponto de gritar pelo sugestivo silêncio do conferencista, ele tirou um vidro onde se contorcia uma nojenta serpente e colocou-a sobre a mesa.
 

         Pouco a pouco foi colhendo tudo e colocando de volta na mala. Tomando o vidro com a serpente, mostrou-o ao público e disse: 
 
- A crítica é assim, fala-se só da serpente e se esquece de todas as maravilhas que estavam sobre a mesa. Obrigado e uma boa noite a todos!
Sob fortes aplausos despediu-se da audiência.

 
Que acha de pesarmos nisso antes de criticar alguém?


quarta-feira, 18 de abril de 2012

O medo da morte

       Mons. João Clá Dias
        
A morte para uns representará a aniquilação completa e, portanto, será encarada com desespero e aflição. Para os verdadeiros católicos, entretanto, não passará de um descanso: "Não queremos, irmãos, que estejais na ignorância acerca dos que dormem, para que não vos entristeçais como os outros, que não têm esperança" (1 Ts 4, 12). 

          
      As Sagradas Letras consideram a morte como um sono transitório (2 Mc 12, 45-46; Mt 9, 24; Jo 11, 11; Sl 75, 6; etc.) e, por conseguinte, uma separação temporária entre seres queridos, mas não um definitivo desaparecimento. 
        O desespero em face da morte é uma reação pagã e atéia.  

        
     
  Seja como for, de si, a morte causa temor, às vezes até em almas santas, como afirma o próprio Santo Agostinho, pois repugna à natureza, além de levantar muitas incertezas quanto ao futuro desconhecido. É ela um passo decisivo rumo à eternidade, um castigo de Deus, e não temê-la seria não possuir temor de Deus. 





    
     Enquanto castigo, ela permanecerá no mundo até a conflagração final, apresentando-se ao justo como o mais doce dos consolos, e ao pecador como uma vingança divina por Lhe ter virado as costas.

terça-feira, 17 de abril de 2012

O verdadeiro sentido do Casamento



Por Mons. João S. Clá Dias
Muitos têm uma idéia errada de que a santidade é um caminho reservado aos religiosos; para os que fizeram os votos de obediência, pobreza e castidade – claro! – tem que ser santo! Mas aqueles que estão na sociedade e escolheram a via do matrimônio, não precisam desejar a santidade para si. Basta, de vez enquanto, dar uma passadinha pela igreja, uma missa muito rápida aos domingos e pronto, nada mais... Não é verdade!
Todo batizado é chamado a ser santo. O chamado à santidade, de forma extraordinária, tem o que segue as vias da religião pelos votos. Mas, de forma comum, são chamados à santidade todos aqueles que vivem na sociedade e que tenham constituído família: pai, mãe e filhos, dentro da sociedade, são chamados à perfeição. Tanto é assim que Deus dá a inclinação para o casamento a todos; aos que vivem na sociedade, quanto aos seguem uma vida religiosa.
Um esclarecimento: todos os que estão na vida religiosa, apesar de possuírem esta inclinação natural, fazem uma renuncia voluntária de constituírem família, para assim melhor servir a Deus. Claro está que quem fica na sociedade não necessita fazer esta renuncia, segue as vias do matrimônio. Ora, como todos são chamados à santidade, os que fazem os votos e os que não o fazem, seguindo as vias do casamento: todos, portanto, estão chamados à perfeição.
Entretanto, a castidade deve ser praticada tanto pelos religiosos, quanto pelos que se casam, porque é uma virtude que está ligada a dois mandamentos da lei de Deus: o 6º e o 9º mandamentos.
O casamento que se realizou em Caná tem algo daquele feito por Nossa Senhora com São José, pois ela também se casou.Infelizmente o mundo moderno vai perdendo a noção do verdadeiro sentido do casamento, julga-se cada vez mais que o objetivo deste é a fruição e esta, fora dos padrões que a moral permite. Quem casa não deve pensar que viverá em eterna delícia. Todo casal terá suas cruzes que virão inevitavelmente ao longo da vida de todos os dias. Ambos devem aceitar essas cruzes em vista da perfeita união e harmonia da família e a educação e santificação dos filhos, que é o objeto principal de todo casamento.
Por outro lado, o casal julga que o respeito mútuo não deve existir. Não é verdade. A vida conjugal exige respeito igual a que se tem por uma outra qualquer pessoa. Quantos erros a respeito do casamento existem hoje em dia! Tem-se a impressão que já se perdeu a noção de que ele foi estabelecido por Deus e é querido por Ele para se constituir a base de uma sociedade sadia. Portanto, estabelecido com a finalidade de apoio mútuo e educar os filhos na religião e nas vias da perfeição. Mas o que vemos nos dias de hoje? Vai-se substituindo o casamento por ajuntamento, por uniões muitas vezes ilegítimas e com isso, vão-se diluindo cada vez mais as bases da sociedade.
Deus não pode estar contente com esta propaganda que vem pela televisão, pelo rádio, cinema, internet que destrói a família! Vamos pedir que Ele aceite a nossa meditação sobre a beleza do casamento bem constituído e para repararmos o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria devido a tantos pecados que são cometidos por causa da concepção errada a respeito do matrimônio.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Jesus e as mulheres


Pe. Berthe
o sábado, restabelecida que foi a calma na cidade, foram entrando um após outro no cenáculo, consternados e aniquilados. Parecia-lhes que estava tudo perdido. O passado afigurava-se-lhes um sonho, o Reino futuro uma quimera e Jesus um mistério impenetrável que os confundia e oprimia. O coração não se lhes podia desapegar dum Mestre cuja dedicação e inefável ternura bem conheciam, mas não sabiam que pensar daquele taumaturgo que de repente se tornara impotente contra os Judeus, até se deixar prender, condenar e crucificar por eles, como um vil criminoso! Desanimados e desesperançados, choravam e lamentavam-se no meio das santas mulheres, enquanto João lhes contava as lastimosas cenas do pretório e do Calvário.
Passou assim o dia do sábado sem que nenhuma esperança lhes fosse reanimar as a almas abatidas. Começava já o terceiro dia após a morte de Jesus e ninguém pensava na ressurreição. O Salvador repousava no sepulcro; e em vez de esperarem por vê-lo sair dele, preocupavam-se as santas mulheres com ir embalsamá-lo, já que o tinha sido na véspera só muito à pressa. Terminado o sábado, foram elas comprar perfumes para o amortalhar com mais cuidado e evitar assim que se corrompesse demasiado prematuramente. Quanto aos apóstolos, não se capacitavam mais de ver sair o seu Mestre do sepulcro, do que se tinham capacitado de para lá o ver entrar. E assim estavam todos num estado de marasmo e esquecimento, sem esperança nem fé, quando já o anjo da ressurreição tinha posto em fugida os guardas espantados. Os acontecimentos provaram bem, quanto os tinha tornado desconfiados e incrédulos o escândalo da cruz.
Mal raiou a aurora do domingo, três mulheres, Maria Madalena, Maria de Cléofas e Salomé, saíram de Jerusalém e encaminharam-se para o Calvário, com as mãos cheias de perfumes, e muito preocupadas com a questão de saber quem lhes retiraria a enorme lousa que defendia o acesso à gruta Sepulcral. Madalena, impacientemente ardorosa, tomou a dianteira; mas qual não foi a sua estupefação, quando, ao chegar ao sepulcro, viu a pedra já tirada e a entrada do jazigo de todo livre! Nem ao menos a idéia lhe veio de que Jesus teria talvez ressuscitado, mas, persuadida de que haviam roubado o corpo, deixou as companheiras e, sem perda de tempo, correu ao cenáculo para participar aos apóstolos o seu achado. “Levaram o corpo do Mestre, disse ela, e não sabemos onde o puseram.”
Neste entrementes, as suas duas companheiras, uma vez que chegaram ao sepulcro, penetraram na câmara, onde haviam depositado o corpo de Jesus. À direita, junto ao sepulcro, viram um anjo cujo aspecto majestoso e vestido cintilante as encheu de terror. Disse-lhes o anjo: “Não temais: bem sei que vindes procurar a Jesus, o Crucificado. Já não está aqui: ressuscitou, como predisse. Vinde e vede o lugar onde foi deposto. Ide já e dizei aos seus discípulos que Jesus irá adiante de vós para a Galileia; lá é que o vereis, como ele vos prometeu.” As duas mulheres, trêmulas e geladas de medo, saíram do sepulcro e fugiram não se atrevendo a dizer a quem quer que fosse a mínima palavra sobre aquela aparição.
Todavia Pedro e João, movidos com a relação da Madalena, foram com ela ao sepulcro de Jesus. João, como mais novo e mais ágil, chegou primeiro, inclinou-se a ver o interior do monumento, viu as mortalhas postas no chão, porém não entrou. Alguns instantes depois, chegou Pedro e penetrou no jazigo a certificar-se do que havia ocorrido. Viu as faixas a um lado, e o sudário que cobria a cabeça, dobrado à parte, ali posto. Aproximou-se João do sepulcro por sua vez, fez as mesmas observações e concluíram ambos, como Madalena, que tinham tirado o corpo. Nenhum deles imaginou que Jesus tivesse ressuscitado, pois um espesso véu, como diz o próprio S. João, lhes toldava o espírito de tal modo que as profecias da Escritura sobre a morte e ressurreição do Messias eram para eles como letra morta. Tornaram-se para o cenáculo, desorientados de todo, procurando modo de explicar aquela misteriosa desaparição.
Maria Madalena porém não pode resignar-se a ir com eles. Sentada junto do sepulcro, pôs-se a chorar, pensando ansiosa onde teriam podido ir ocultar o corpo do seu Mestre. E com os olhos arrasados de lágrimas, de novo se inclinava para examinar com mais atenção o interior do jazigo, quando dois anjos lhe apareceram, um à cabeça e o outro aos pés do sepulcro. “Mulher, disseram-lhe eles, porque choras? - Porque tiraram o meu Senhor, respondeu ela, e não sei onde o puseram.” Ao proferir estas palavras, sentiu passos atrás de si, voltou-se de repente e encontrou-se em presença dum desconhecido, que lhe disse também: “Mulher, porque choras e que buscas por aqui?” Era o divino ressuscitado, mas ela não o reconheceu. Tomou-o pelo jardineiro, e, absorta sempre no seu primeiro pensamento: “Senhor, respondeu ela, se fostes vós que o tirastes, dizei-me onde o pusestes e eu o tomarei...”
Como não abrir os olhos àquela Madalena penitente, que Jesus tinha visto a chorar ao pé da cruz e que tornava a encontrar, inconsolável, junto do seu sepulcro? Com aquele acento divino que penetra até o mais íntimo da alma pronunciou Jesus esta simples palavra: “Maria!” E ela pelo tom daquela voz que tantas vezes a comovera, reconheceu a Jesus. “Meu bom Mestre!” exclamou ela, transportada de alegria, e para logo lhe caiu aos pés a abraçá-los. Agarrava-se Àquele a quem acabava de achar, como se ele lhe fora a fugir ainda. “Deixa-me, disse-lhe Jesus; em breve, é certo, vos deixarei para voltar para meu Pai; mas esse momento ainda não chegou. Vai já ter com meus irmãos e dize-lhes: Não tardarei em subir para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus.”
Deste modo apareceu Jesus primeiro a Maria Madalena, para com este favor incomparável recompensar o incomparável amor da santa penitente. Apareceu igualmente ao grupo das santas mulheres que o não tinham desamparado em suas dores. Pouco depois da partida da Madalena, foram ao sepulcro Joana, esposa de Cuza, e outras mulheres da Galileia, pensando encontrar o corpo do seu Mestre e prestar-lhe as últimas honras. Mas não o encontrando já, ficaram junto do sepulcro grandemente consternadas, quando aos seus olhos se apresentaram dois anjos em trajes resplandecentes de luz. Baixaram elas os olhos, de receosas que ficaram, porém um dos mensageiros celestes animou-as. “Não venhais procurar entre mortos a um Vivo, disse-lhes ele. Jesus já não está aqui; ressuscitou, conforme prometeu. Lembrai-vos pois do que ele vos dizia em Galileia: É preciso que o Filho do homem seja entregue aos pecadores; será crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia.”
E, de fato, por estas palavras do anjo, lembraram-se as santas mulheres perfeitamente que Jesus lhes predissera a sua morte e ressurreição. O anjo acrescentou: “Voltai depressa para Jerusalém, e dizei aos discípulos e a Pedro, que Jesus ressuscitou e irá adiante de vós para Galileia.” Iam pressurosas anunciar esta boa nova, quando de repente um homem as fez parar: “Mulheres, disse ele, Deus vos salve.” Era o próprio Jesus. Reconheceram-no, lançaram-se-lhe aos pés, abraçaram-nos e adoram com amor ao seu Senhor e seu Deus. Consolou-as o bom Mestre e disse-lhes, antes de se despedir: “Agora não temais; ide dizer a meus irmãos que vão para a Galileia, onde me verão.”
Tais são os fatos pelos quais Jesus, desde a aurora do domingo, se manifestou às santas mulheres, a quem constituiu suas mensageiras aos apóstolos e testemunhas da sua ressurreição. Mas, a fim de que ninguém pudesse taxar de credulidade aos que em breve deviam pregar no mundo a Jesus ressuscitado, permitiu Deus que os apóstolos, obstinados na sua cegueira, rejeitassem, sem deles querer saber, os testemunhos daquelas santas mulheres. Madalena, a primeira a voltar do sepulcro, com o coração a trasbordar de alegria, entrou no cenáculo, exclamando: “Vi ao Senhor”, vi-o com os meus olhos, “e eis o que me encarregou de vos dizer.” 
Mas por mais que afirmou e contou por menor as circunstâncias da aparição, com que Jesus a favoreceu, os apóstolos e discípulos presentes no cenáculo, em nada quiseram crer. E debalde as suas companheiras a quem foi concedido igual favor vieram por seu turno afirmar que tinham visto, ouvido e adorado ao Salvador ressuscitado; trataram-nas como alucinadas e visionárias. Só Deus podia tirar os apóstolos do abismo de desalento e desesperança em que os mergulhara a Paixão e Morte do seu Mestre.

domingo, 1 de abril de 2012

Vencedor ou perdedor? A escolha é sua!



Um vencedor é sempre parte da resposta.

Um perdedor é sempre parte do problema.

Um vencedor sempre tem uma meta.
Um perdedor sempre tem uma desculpa.

Um vencedor tem uma resposta para cada problema.
Um perdedor tem um problema para cada resposta.


Um vencedor persiste sempre diante das dificuldades.
Um perdedor desiste fácil, até das comodidades.

Um vencedor diz: "Se eu puder ajudá-lo..."
Um perdedor diz: "Não é minha obrigação!"

Um vencedor diz: "Pode ser difícil, mas não é impossível!"
Um perdedor diz: "Pode ser possível, mas é difícil!"

Um vencedor diz: "Posso fazer melhor."
Um perdedor diz: "Sempre foi feito assim!"