domingo, 4 de setembro de 2011

Ele parou de beber


por Alexandre de Hollanda Cavalcanti

     Em geral os pais de família são exemplo para seus filhos e os ensinam a enfrentar a vida, a ter uma boa conduta e uma boa educação. Porém outras vezes são os filhos que ensinam a seus pais e estes precisam ter a suficiente humildade de, quando for o caso, saber aprender com seus filhos.
     Este foi o que aconteceu com Juvenal, um pobre trabalhador que tinha três filhos pequenos e sua esposa Nazária ficou grávida do quarto filho. Porém Juvenal, há muito havia encontrado um outro «amor» em sua vida: o álcool. De um copinho pela manhã, passou a dois e depois a três, depois pela tarde e pela noite... A vida de Juvenal não tinha mais sentido, vivia bêbado quase todo o dia.
     As casas que construía ficavam com as paredes sinuosas e as pessoas não o contratavam mais para fazer seus serviços. A comida começava a faltar em casa, pois o pouco dinheiro que conseguia com algum «bico», gastava com bebida.
Nasceu o quarto filho nesta situação. Um bebê lindo, tão bonitinho e que a mãe cuidava com tanto carinho, enquanto o hálito de cachaça era a única parte da «educação» que Juvenal dava a seu filho. Os meses de passaram e chegou o tempo em que a mãe tinha que dar os primeiros alimentos ao menino... porém não havia nada, nem leite tinha em casa.
     O desespero da mãe chegou a tanto que foi pedir à vizinha que lhe ajudasse com um poco de dinheiro para comprar leite para a criança. A bondosa vizinha a ajudou com algumas moedas, o suficiente para comprar o leito. Nazária então pediu ao esposo:

- Juvenal, você pode ir ao mercado e comprar um litro de leite para nosso filho?
- Porém... não tenho dinheiro para isto – respondeu o marido.
- Eu tenho aqui, a vizinha me deu – que vergonha...
- Está bem, eu vou comprar e volto logo.

     Porém, no caminho, um pouco antes do mercado, havia um bar e a tentação começou a bater à porta... Um traguinho só... Tomo uma dose de pinga e compro meio litro de leite... o menino não toma um litro inteiro... E entrou no bar, gastando todo o dinheiro e voltando para casa sem nada, meio bêbado. Tinha vergonha de dizer à pobre esposa que havia caído na tentação.

- Nazária...
- Trouxe o leite? O menino não aguenta mais de fome!
- Sabe Nazária, a tentação foi forte... o demônio...
- O demônio? Não ponha a culpa no demônio, ele tenta a todos, mas só obedecem os que querem.
     A pobre Nazária foi bater de novo na casa da vizinha, mas ela tinha saído e não voltaria antes das dez da noite. Nazária se sentou num canto da casa, triste, sem palavras... em seu coração pedia a Nossa Senhora Aparecida que não deixasse seu filho morrer de fome. Porém pelas três da tarde, sem comer nem tomar nada desde a manhã, o menino de colocou a chorar de tanta fome. Chorava fortemente e a mãe por mais que tentasse, não o conseguia consolar.
     Juvenal, em sua cama, escutava o choro do menino e era tão forte e desesperado, que lhe chegou até o coração como uma lançada. Juvenal se levantou. «meu filho está me ensinando» - pensou em seu interior.
     «Eu não tenho o direito de fazer isto!». Abriu o armário e pegou uma garrafa de aguardente que tinha escondido e jogou-a no chão, despedaçando-a. «A partir de agora, nunca mais tomarei nada de álcool! Meu filho me ensinou a viver!».
     Foi correndo ao mercado e, sem conseguir segurar as lágrimas que lhe corriam pelo rosto, contou ao dono do mercado tudo o que havia acontecido e pediu um pouco de leite, pelo amor de Deus e de Nossa Senhora.
     O bom português, dono do mercado, deu-lhe cinco litro e lhe disse:
- Isto, Juvenal, te servirá para alguns dias. Vem amanhã à minha casa, que tenho uma obra pra fazer e vou te contratar para isto.
     Juvenal voltou contente e a situação difícil o ensinou que, com humildade, deveria aprender do filho esta lição e nunca mais voltou a embebedar-se. A sofrida Nazária agradeceu a Nossa Senhora Aparecida, quem não consegue ficar insensível diante das lágrimas de uma mãe e lhe agradeceu por tão grande auxílio, que mudou não somente a vida de Juvenal, mas de toda a família.


Nenhum comentário: