quinta-feira, 8 de setembro de 2011

São Bonifácio, padroeiro da Alemanha

Papa Bento XVI


     Profundamente radicado no cristianismo da sua terra natal, São Bonifácio forjou a sua vida na fortaleza e no júbilo espirituais.
Transmitiu com ardor esta herança também às pessoas às quais anunciou o Evangelho. Aquilo que ele tinha recebido na sua pátria havia de tornar-se comum também na Alemanha e dar frutos. A fundação tão amada por São Bonifácio, o mosteiro de Fulda, tornou-se juntamente com outros um centro de difusão da vida religiosa e espiritual. Com efeito, o Santo promoveu o encontro decisivo entre cultura romano-cristã e cultura germânica, cuja importância para a História foi manifestada ao longo dos séculos sucessivos:  é a ele que se deve  agradecer a fundação cristã da Europa.
     O que plasmou a vida e as obras de São Bonifácio, de modo particular, foi o seu estreito relacionamento com os Sumos Pontífices romanos, os Sucessores de Pedro, pelos quais nutria uma profunda veneração.
Para ele, as palavras de Pedro, Príncipe dos Apóstolos eram tão preciosas, que chegou a pedir aos amigos na pátria, que transcrevessem as Cartas de Pedro com tinta dourada. Ele empreendeu três viagens cansativas a Roma. 
     Pediu e obteve ao Papa Gregório III que lhe enviasse para junto dos germânicos, e por ele mesmo foi ordenado Bispo. O Papa Gregório III concedeu-lhe o Pálio de Metropolita e, sobretudo, atribuiu-lhe a dignidade e o poder de Legado Pontifício para a erecção de Sedes episcopais e para a consagração de Bispos. Por conseguinte, a estrutura hierárquica da Alemanha contemporânea deve-se, nas suas características essenciais, à sua obra. Menos missionário entre os pagãos do que pensara, tornou-se o edificador da Igreja no Reino dos Francos. Comprometeu-se na instauração das relações eclesiais, segundo o modelo e as directrizes de Roma.
     Sínodos significativos serviram esta causa. De tal maneira, São Bonifácio conseguiu revigorar os vínculos, até então frágeis, das populações germânicas com o centro romano da Igreja e a uni-las mais intimamente à Igreja universal. Por fim, desejou infundir vida espiritual nas estruturas eclesiais que ele mesmo tinha criado. Com vigor, São Bonifácio empenhou-se em reforçar os fundamentos da moralidade cristã e comprometeu-se numa celebração da Eucaristia e numa administração dos Sacramentos que fossem dignas e correspondessem às normas eclesiais em vigor. Os Sucessores de Pedro ajudaram-no e fortaleceram-no neste empreendimento. No contexto de uma missiva, o Papa Zacarias pediu a "todos aqueles que vivem na Gália e nas Províncias dos Francos", que seguissem as reformas promovidas por São Bonifácio. Assim, o embaixador da fé, proveniente da Inglaterra, conseguiu lançar os fundamentos para um extraordinário florescimento religioso-cultural, que se verificou depois da sua morte, e cujos frutos ainda hoje estão presentes.
      O 1250º aniversário da morte de São Bonifácio pode ser interpretado como um estímulo a dar testemunho de uma Igreja viva e animada por uma fé sólida. Repleta de graça que o Senhor Deus, em conformidade com o desígnio imperscrutável da sua Providência, concede em todos os tempos, e portanto também nos dias de hoje, à comunidade santa dos seus fiéis, a Igreja implantada por São Bonifácio primeiro na Alemanha e depois na Europa caminhará rumo a um futuro mais luminoso.

Nenhum comentário: