Papa Bento XVI
« Duc in altum » (Lc 5,4). Estas palavras ressoam aos nossos ouvidos, convidando-nos a lembrar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente e a abrir-nos com confiança ao futuro: “Jesus Cristo é o mesmo ontem e hoje e sempre” (Hb 13,8) ».[7] Também na China a Igreja é chamada a ser testemunha de Cristo, a olhar em frente com esperança e a tomar consciência — no anúncio do Evangelho — dos novos desafios que o Povo chinês deve enfrentar.
A Palavra de Deus ajuda-nos, uma vez mais, a descobrir o sentido misterioso e profundo do caminho da Igreja no mundo. De facto, « uma das principais visões do Apocalipse tem por objecto [o] Cordeiro no acto de abrir um livro, primeiro fechado com sete selos que ninguém tinha sido capaz de abrir. João é inclusivamente apresentado na atitude de chorar, porque não se encontrava ninguém digno de abrir o livro e de o ler (cf. Ap 5,4). A história permanece indecifrável, incompreensível. Ninguém a pode ler. Talvez este pranto de João diante do mistério da história tão obscuro expresse a perturbação das Igrejas asiáticas pelo silêncio de Deus diante das perseguições a que estavam expostas naquele momento. É uma perturbação na qual se pode reflectir bem o nosso horror face às graves dificuldades, incompreensões e hostilidades que também hoje a Igreja sofre em várias partes do mundo. São sofrimentos que a Igreja sem dúvida não merece, assim como o próprio Jesus não mereceu o seu suplício. Contudo eles revelam quer a maldade dos homens, quando se abandonam às sugestões do mal, quer a orientação superior dos acontecimentos por parte de Deus ».[8]

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